No final de 1995, Michael Schumacher trocou a Benetton pela Ferrari, depois de conquistado o título mundial de Fórmula 1. Uma ligação que deu origem a uma história de grande sucesso, mas que deu também muito trabalho.
Mattia Binotto, antigo chefe da Ferrari, contou tudo sobre o primeiro encontro com o piloto alemão.
"Tinha acabado de me licenciar e o Schumacher de ser campeão do mundo. Lembro-me bem do seu primeiro teste, ainda num carro sem qualquer patrocínio em novembro de 1995", começou por dizer o engenheiro que abandonou o cargo de diretor no final da passada temporada.
Depois de um primeiro teste em Fiorano, na pista caseira da Ferrari, a scuderia dirigiu-se ao Estoril, em Portugal, para um primeiro teste a sério, segundo Binotto.
"Normalmente, os pilotos chegavam à box por volta das 8h50 da manhã, vestiam o fato, metiam o capacete e subiam ao carro. Primeiro era feita uma volta de instalação, para os mecânicos perceberem se havia algum problema com o carro, e depois os pilotos voltavam e falavam com o seu engenheiro sobre o programa do dia", recorda Binotto, que era apenas engenheiro na altura.
Michael Schumacher num dia de testes no circuito do Estoril, Portugal © Getty Images
No entanto, a metodologia de Schumacher e a da Ferrari não estavam alinhadas. O relógio marcava 8h30 e o alemão já estava nos degraus da caravana à espera de todos os elementos.
"Mal chegámos, ele apontou para as horas. Disse que tínhamos de nos encontrar todas as manhãs às 8h00, conversar sobre o programa do dia e decidir o que íamos fazer para estarmos a todo o gás às 09h00", revelou Binotto.
O trabalho foi árduo e o engenheiro suíço não esquece as horas passadas ao lado daquele que viria a tornar-se heptacampeão do mundo de Fórmula 1.
"Naquela altura estávamos constantemente a competir e a testar. Passava 210 dias por ano em pista. Passava mais tempo com o Michael [Schumacher] do que com a minha família. Por isso é que digo que não se trabalha para a Ferrari, vive-se a Ferrari", concluiu.
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