"As moratórias de créditos permitiram às empresas e famílias o adiamento, temporária, do pagamento das prestações dos empréstimos com um aumento do prazo do mesmo nesse mesmo período.
Apesar dos desafios da pandemia, o mercado imobiliário português tem se revelado resiliente. Numa altura em que as taxas de juro estão novamente em valores mínimos, este setor tem se revelado atrativo para os investidores portugueses e internacionais, sendo que as previsões dos analistas apontam para que o volume médio de investimento se mantenha em níveis elevados.
Os preços da venda de imóveis para habitação aumentaram cerca de 17,4% durante o primeiro trimestre deste ano, enquanto o valor das rendas registou uma queda de 9,4%.
No entanto, o relatório divulgado pelo fundo monetário internacional (FMI), revela sérias preocupações sobre as moratórias no mercado imobiliário e em torno da estratégia adotada em Portugal. Face ao elevado número de moratórias e garantias que foram solicitadas, o nosso país acaba por ser um dos mais vulneráveis em comparação com os restantes países da zona euro.
O fim das moratórias para a grande parte das famílias e empresas, o risco de incumprimento a curto prazo será um fator de risco que terá de ser acompanhado de perto pelo Estado.
Estas medidas permitiram às famílias e empresas terem mais poder de compra, no entanto, poderão colocar estes agentes económicos sob pressão se ainda permanecerem numa situação vulnerável.
Os riscos poderão aumentar ainda mais a longo prazo caso a recuperação económica não acompanhe as previsões iniciais e se o mercado laboral se mantiver oprimido.
Por outro lado, se se começar a verificar várias situações de incumprimentos, em particular, pelas famílias, terá de haver uma nova intervenção do Estado. Não obstante, estas dificuldades poderão sinalizar a necessidade de haver um reajuste, principalmente, dos preços no mercado de arrendamento nos quais se mantém a níveis elevados em comparação com os rendimentos médios dos portugueses."
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