No ano passado, o mercado imobiliário mostrou-se resiliente face à crise económica causada pela pandemia, com os preços da habitação a avançarem 8,4%, mas o aumento de preços situou-se 1,2 pontos percentuais abaixo do registado em 2019, consolidando assim tendência de abrandamento do ritmo de crescimento dos preços, após o pico de 2018, refere o relatório hoje divulgado.
"Em 2020 foram transacionadas 171.800 casas, menos 9.678 do que em 2019. Uma perda que se concentrou no segundo trimestre, graças ao primeiro confinamento restrito que durou 45 dias", afirma o BPI.
Na primeira metade do ano, marcada por medidas restritivas à circulação e atividade económica para conter a propagação da covid-19, foram transacionadas 76.930 casas, menos 9.500 do que no período homólogo, ao passo que, no segundo semestre, o número de transações ficou muito próximo do do mesmo período de 2019.
A redução das transações concentrou-se nas casas usadas.
A venda de casas novas praticamente estabilizou, o que se refletiu numa desaceleração mais acentuada do ritmo de crescimento dos preços das casas usadas para 8,7% (menos 1,4 pontos percentuais do que em 2019) do que das casas novas, cujos preços aumentaram 7,4%, apenas menos duas décimas do que no ano anterior.
"A resiliência do mercado explicar-se-á em parte pelo habitual desfasamento temporal entre movimentos da economia e do mercado imobiliário, mas também pelas medidas implementadas para mitigar o impacto da pandemia, evitando aumento abrupto do desemprego e queda, também abrupta, do rendimento", refere o BPI.
O BPI aponta ainda o adiamento do fim do regime de 'vistos gold' como um dos motivos para um arrefecimento mais lento do mercado imobiliário, uma vez que, apesar das restrições à mobilidade em 2020, foram concedidos 1.094 vistos, o que totalizou um investimento de 590 milhões de euros, equivalente a 2,2% do valor das transações em 2020 (2,6% em 2019).
Por outro lado, os indicadores mostram que a oferta residencial aumentou em 2020, o que contribuiu para a redução da pressão sobre os preços.
O estudo do BPI sublinha que, por norma, o setor imobiliário reage com desfasamento a alterações no PIB, e, por esse motivo, espera-se que, em 2021, o mercado arrefeça mais pronunciadamente.
Porém, este será um movimento transitório e o mercado deverá começar a recuperar já em 2022, com os fundos do 'Next Generation EU' a alocar ao setor imobiliário a representarem um importante papel na dinamização do mercado.
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