Vinte cidades chinesas limitam queda dos preços dos imóveis

Pelo menos 21 cidades chinesas anunciaram, este mês, medidas para evitar quedas "drásticas" nos preços do imobiliário, face aos problemas de liquidez no setor, noticiou hoje a imprensa local.

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Lusa
19/11/2021 08:56 ‧ 19/11/2021 por Lusa

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Nas últimas semanas, alguns analistas têm apontado que a desaceleração do mercado imobiliário deve-se, em parte, à desconfiança dos potenciais compradores, devido aos problemas financeiros de algumas das principais construtoras do país, incluindo a Evergrande, cujo passivo ascende a 264 mil milhões de euros.

Segundo o jornal estatal China Daily, a lista inclui duas cidades grandes, Shenyang ou Kunming, no nordeste e sul do país, respetivamente.

Em Shenyang, onde vivem 9 milhões de pessoas, as autoridades estabeleceram um piso e um teto para os preços das casas, e a compra de uma terceira casa é atualmente proibida para "evitar especulação".

No entanto, as restantes cidades afetadas são de "terceiro ou quarto nível". No sistema de classificação chinês, que mede o PIB (Produto Interno Bruto), o nível administrativo e a população, uma cidade de terceiro nível, por exemplo, tem, no máximo, 3 milhões de habitantes.

Especialistas citados pelo China Daily afirmam que estas cidades menores são "muito mais frágeis", perante as incertezas do mercado, e que as construtoras tendem a oferecer grandes descontos nessas áreas para tentar acelerar as suas vendas, já que precisam de recuperar o seu investimento e pagar aos credores.

Em contraste, os governos das maiores cidades podem estabilizar o mercado, "ajustando as linhas de crédito e hipotecas", disse Zhang Bo, analista do portal imobiliário Anjuke, citado pelo jornal.

Em cidades como Yongzhou, na província central de Hunan, as autoridades já ameaçaram com "punições" às imobiliárias que baixem excessivamente os preços ou cujas práticas "perturbem o normal funcionamento do mercado imobiliário".

O Governo chinês lançou, no ano passado, uma campanha contra as políticas agressivas de alavancagem, limitando o acesso ao financiamento às empresas mais endividadas.

O abrandamento do setor imobiliário, cujo peso no PIB chinês ronda os 30%, teve no terceiro trimestre um impacto notável na economia chinesa, cujo crescimento, de 4,9%, foi um dos valores mais baixos das últimas décadas.

As estatísticas oficiais mostram que os preços das casas novas registaram, em outubro, a segunda queda consecutiva, comparativamente ao mês anterior, depois de experimentarem a primeira queda, desde meados de 2015, em setembro.

O jornal oficial do Partido Comunista Chinês Global Times garantiu que as condições de financiamento já estão a ser "flexibilizadas" e 25 imobiliárias do país - a maioria estatais - emitiram novas obrigações, no valor de quase 4.135 milhões de euros, no mercado interbancário, desde o último dia 10.

Lu Wenxi, analista da agência imobiliária Centaline, disse ao China Daily que espera uma "aterragem suave" de um mercado imobiliário "que estava superaquecido".

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