Com 101 anos de atividade e um corpo ativo de cerca de 70 elementos, 40% dos quais do sexo feminino, essa corporação do distrito de Aveiro reconhece que a empreitada no edifício construído na década de 90 é a sua principal prioridade, mas, em paralelo, vem desenvolvendo esforços no sentido de reunir receitas para três veículos em falta.
Tiago Heitor é o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros da Feira e, em declarações à Lusa, explica porque é que essas "são duas preocupações simultâneas que a corporação tem sempre".
Começando pela reabilitação do quartel, trata-se de uma empreitada envolvendo vários empreiteiros e diferentes obras, como, por um lado, a substituição da placa com amianto do edifício principal e, por outro, vários trabalhos destinados a melhorar o desempenho térmico do imóvel, como a reparação do telhado, a mudança das caixilharias, a aplicação de capoto externo e a impermeabilização de varandas.
"A empreitada vai custar à volta de 110.000 euros, mais IVA, e será paga em 50% por receitas próprias dos Bombeiros e, no restante, pela Câmara Municipal da Feira", adianta Tiago Heitor.
Quanto a prazos de execução, se as diferentes empresas envolvidas puderem executar a obra em simultâneo, essa deverá ficar concluída em 90 dias. "Se não der para trabalharem todas ao mesmo tempo, demorará, na pior das hipóteses, uns seis meses", equaciona o presidente da associação.
Já no que se refere às viaturas em falta, a dificuldade é que são três e, no conjunto, implicam um investimento na ordem dos 900.000 euros, que a corporação "não tem como suportar sozinha".
O comandante Jorge Coelho adianta: "Precisamos de uma ambulância de socorro e, sobretudo, de uma viatura-escada ou plataforma, na ordem dos 800.000 euros, porque não temos nenhuma adequada nas três corporações do concelho da Feira e o território tem registado um crescimento imobiliário e industrial tão grande nos últimos anos que esse equipamento se tornou essencial".
Tiago Heitor acrescenta à lista ainda uma viatura-tanque de 12.000 litros e tração às seis rodas, para substituir a que integra a frota da corporação "desde 1973", mas reconhece que o veículo com aquela que também é conhecida como escada Magirus é mais importante no atual panorama urbano da Feira.
"Só em 2021 tivemos 80 ocorrências de incêndio urbano ou industrial e esses fogos são cada vez mais em altura", refere. "Antes já tínhamos que nos preocupar com um incêndio nos andares de topo do Hospital São Sebastião ou dos hotéis Nova Cruz, Loios, Ibis, Pedra Bela ou INATEL, por exemplo, mas agora há cada vez mais prédios altos também de habitação e, se for preciso acudir a alguém nos últimos andares, vamos ter que esperar pela escada Magirus de uma corporação vizinha e isso quer dizer que o socorro não vai ser tão atempado", defende.
O comandante Jorge Coelho admite que há uma dessas viaturas disponíveis na corporação de Lourosa, também no concelho da Feira, mas realça que a sua prestação já não se coaduna com a realidade da paisagem municipal: "A escada que existe só tem 32 metros, está em fim de vida e funciona apenas em determinada posição. Se for preciso estendê-la em ângulos, já não serve".
A área de intervenção dos Bombeiros Voluntários da Feira abrange a freguesia homónima e também as de Sanfins, Travanca, Espargo, Souto, Mosteirô, São João de Ver, Rio Meão, Paços de Brandão e Fornos -- território que abrange 10 zonas industriais e que Tiago Heitor aponta como aquele onde, no concelho, "mais se têm instalado novas unidades fabris".
É por isso que a questão da viatura-escada preocupa particularmente a corporação, cujo presidente diz que "os apoios do Estado para a aquisição de equipamento são claramente insuficientes", como constatou depois de vários corpos ativos do distrito terem apresentado à Autoridade Nacional da Proteção Civil uma candidatura para financiamento da Magirus e "só um corpo de bombeiros em todo esse território ter sido beneficiado".
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