Segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, os preços da habitação nova contraíram em maio 0,1%, face ao mesmo mês do ano anterior. Trata-se da primeira queda homóloga, desde novembro de 2015, neste índice, que agrega o preço médio em 70 cidades da China.
A crise no imobiliário tem fortes implicações para a classe média e para a economia do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o setor imobiliário concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas -- cerca de 70%, segundo diferentes estimativas.
O setor foi um dos mais importantes motores de crescimento da economia chinesa nas última décadas.
No ano passado, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um teto de 70% na relação entre passivo e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no setor.
Este mês, a Sunac tornou-se a mais recente construtora chinesa a entrar em incumprimento. O caso mais emblemático envolve a Evergrande Group, cuja dívida, que supera o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, vai ser reestruturada.
As dificuldades foram agravadas pela política de 'zero casos' de covid-19, que obriga ao bloqueio de cidades inteiras, pesando fortemente na atividade da segunda maior economia do mundo.
Entrevista à agência Lusa, Michael Pettis, professor de teoria financeira na Faculdade de Gestão Guanghua, da Universidade de Pequim, vê na contração do setor imobiliário um sinal de que a China se está a afastar do modelo de crescimento assente no investimento em ativos não produtivos.
"Há muito crescimento fictício na China", notou Pettis. "O excesso de investimento em todo o tipo de projetos de construção inflaciona o crescimento da economia chinesa há vários anos", descreveu.
No mês passado, a agência de notação financeira S&P baixou também a classificação da dívida do grupo Greenland, que tem o município de Xangai como acionista, devido aos crescentes "riscos" de incumprimento.
A Greenland é um dos maiores grupos imobiliários da China, com forte presença internacional, particularmente nos Estados Unidos.
De acordo com a agência de notícias Bloomberg, o grupo solicitou recentemente o adiamento por um ano do pagamento de 488 milhões de dólares (453 milhões de euros) em juros de títulos de dívida.
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