A medida foi anunciada numa visita da governante à empresa Viarco, que, instalada em São João da Madeira e sendo a única fábrica de lápis em laboração na Península Ibérica, confirmou a encomenda de cerca de 8.000 desses objetos de escrita - todos eles decorados com estrofes concebidas no período que cobre desde a obra do rei D. Dinis (1261-1325) até à de Mário de Sá-Carneiro (1890-1916).
Graça Fonseca explicou que a seleção recaiu sobre poetas "mais clássicos" e revelou: "A partir de hoje estes lápis passarão a estar à venda nas lojas dos museus e também ficarão disponíveis a nível de circuito comercial".
A expectativa da ministra é "que a poesia não fique apenas nos livros e chegue também àquilo que cada um faz todos os dias", no seu quotidiano normal, o que justifica que, enquanto objeto frequente de escrita, tenha sido o lápis o suporte escolhido para difusão de versos ainda pouco conhecidos da literatura portuguesa.
Para ajudar nessa difusão, a encomenda à Viarco de mais de 650 'kits' de 12 lápis envolveu o que Graça Fonseca reconheceu como "um desafio de última hora" que a fábrica de São João da Madeira só conseguiu cumprir devido à sua particular "sensibilidade industrial".
Para além dos já referidos D. Dinis e Mário de Sá-Carneiro, os outros dez autores representados nos novos lápis poéticos são assim: Francisco Sá de Miranda (c. 1481-1558), André Falcão de Resende (c. 1527- c. 1599), Soror Violante do Céu (1601-1693), D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666), Filinto Elísio (1734-1819), Marquesa de Alorna (1750-1839), João de Deus (1830-1896), Antero de Quental (1852-1891), Gomes Leal (1848-1921) e Cesário Verde (1855-1886).
No caso do lápis evocativo de Gomes Leal, por exemplo, a estrofe escolhida integra os seguintes versos: "Os deuses ou são mortos ou caídos, / quais duros aldeões dormindo as sestas, / ou andam, os astros perseguidos, /chorando os velhos tempos das florestas".