"História da Literatura portuguesa não se faz sem Agustina"
A escritora Maria Teresa Horta considera que "não é possível fazer a história da literatura portuguesa, neste momento, sem passar pela obra da Agustina Bessa-Luís", que morreu hoje, aos 96 anos, no Porto.
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Cultura Maria Teresa Horta
"Considero que a Agustina é dos melhores escritores - não é escritora só - da literatura contemporânea portuguesa, mas também morre uma escritora e alguém que eu conheci", afirmou Maria Teresa Horta à agência Lusa.
Agustina Bessa-Luís morreu hoje, aos 96 anos, no Porto, e o funeral realiza-se na terça-feira, dia em que o Governo decretou luto nacional.
Para Maria Teresa Horta, 82 anos, esta é "uma perda muito grande" para a literatura portuguesa e recordou que a geração de Agustina Bessa-Luís "foi muito generosa" para a dela. "Recebeu-nos de braços abertos".
A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá na terça-feira, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, onde será sepultada "na intimidade da família", revelou hoje o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís.
O governo decretou dia de luto nacional para terça-feira.
Agustina Bessa-Luís nasceu em 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas.
O seu nome destacou-se em 1954, com a publicação do romance 'A Sibila', que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz.
Recebeu igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra 'Os Meninos de Ouro', e em 2001, com 'O Princípio da Incerteza I - Joia de Família'.
Foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.
Sobre Agustina, o ensaísta Eduardo Lourenço disse, em declarações à Lusa, no final da cerimónia da entrega do prémio com o seu nome, que é uma autora "incomparável", a "grande senhora das letras portuguesas".
Em 2004, Agustina recebeu os Prémios Camões e Vergílio Ferreira.
Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988.
Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: "É uma confissão espontânea que coloco no papel".
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