"Queremos musealizar esses espaços e torná-los visitáveis, para serem mais dois pontos turísticos no concelho", afirmou à agência Lusa a vereadora Ana Rita Petinga.
O município lançou um concurso para a empreitada de valorização paisagística do depósito funerário do naufrágio do navio espanhol San Pedro de Alcântara, cujo anúncio foi hoje publicado em Diário da República.
Com um prazo de execução de três meses, o concurso de 116 mil euros engloba demolições, modelação do terreno, pavimentação do solo, construção de um muro, criação de zonas verdes e instalação de mobiliário urbano, como sinalética informativa sobre o sítio arqueológico, de iluminação decorativa e de uma escultura em homenagem aos náufragos falecidos.
A autarca adiantou que vai ser criado um miradouro em forma de um barco em madeira, existente à época do naufrágio, havendo um passadiço a ligar o miradouro e a zona de sepultura.
Apesar do valor do concurso, o investimento total é de 145 mil euros, financiado em cerca de 123 mil euros por fundos comunitários.
Através desta intervenção de preservação, valorização paisagística e divulgação do local, a autarquia pretende "dar a conhecer um dos episódios mais significativos da história trágico-marítima do concelho".
Até ao final do ano, o município vai também lançar um concurso para obras de musealização do sítio arqueológico do Morraçal da Ajuda, um investimento de 160 mil euros, financiado em 136 mil euros por fundos comunitários.
Ana Rita Petinga explicou que vai ser instalada sinalética interpretativa do sítio e vai ser criado um passadiço para circular à volta dos fornos romanos, que, por sua, vez, vão ser protegidos através de uma redoma em vidro.
Em 02 de fevereiro de 1796, o navio espanhol, que tinha como origem o Peru e como destino Cádis, embateu contra os rochedos da Papoa, em Peniche, e aí naufragou, causando a morte a 128 dos 440 passageiros, dos quais 80 foram sepultados junto ao local do naufrágio, na praia do Porto da Areia Norte.
O navio transportava carga excessiva, com mais de 150 toneladas de moedas de ouro e prata, 600 toneladas de cobre, 64 canhões, um lastro de quase 140 toneladas de pedra e 100 toneladas de quinquina (planta sul-americana), seis toneladas e meia de cacau, e água e da alimentação necessária para o quotidiano a bordo.
Nas últimas décadas, os arqueólogos identificaram 80 e escavaram cerca de três dezenas de enterramentos.
O Morraçal da Ajuda, posto a descoberto em 1998 aquando de terraplanagens para campos de técnicos, funcionou entre os séculos I a.C e IV d.C como um importante centro produtor de conservas de peixe e de ânforas associado ao porto marítimo de Peniche, central nas rotas comerciais que ligavam o Mediterrâneo ao Atlântico Norte.