"Esperando que o apoio extraordinário que a Região Autónoma [dos Açores] aprovou possa ser recebido com a máxima urgência, para liquidação das contas e pagamentos referentes aos mês de dezembro de 2024, a direção do Rádio Clube de Angra não vê alternativa que não seja propor à assembleia geral de associados - que terá de decorrer entre o final de janeiro e início de fevereiro de 2025 - a extinção da associação, por forma a evitar entrar em caminhos de acumulação de dívidas, como se verificou no passado", lê-se num comunicado de imprensa, enviado hoje.
A direção da instituição sem fins lucrativos, liderada por Pedro Ferreira, lembra, em comunicado, que já em fevereiro de 2024 tinha alertado em assembleia geral para as "dificuldades sentidas", pedindo uma "ponderação sobre o seu eventual encerramento".
"Exceto honrosa meia dúzia de associados diferentes dos habitualmente presentes no órgão máximo da 'Voz da Terceira', não chegaram a duas dezenas os sócios presentes (de um universo de 451 sócios ativos)", lamenta.
Segundo a direção, a instituição está "a viver uma situação de profundas dificuldades financeiras", com "custos fixos de manutenção muito elevados" e "cada vez mais encargos", como o novo pagamento das taxas dos direitos conexos.
Os dirigentes alegam, por outro lado, que há "cada vez menos colaboradores disponíveis para contribuir para a vida da estação de radiodifusão", um "afastamento total dos associados" e "uma despreocupação da sociedade civil terceirense relativamente à instituição".
Perante este cenário, dizem que "dezembro de 2024 ficará marcado pela impossibilidade líquida de pagar vencimentos aos apenas quatro funcionários e as demais contas e contribuições".
"As receitas do Rádio Clube de Angra são, maioritariamente, resultantes de contratos de prestação de serviços na área da publicidade comercial, mas têm vindo a reduzir de forma significativa, por opção do próprio tecido empresarial local", justificam.
Por outro lado, alegam que os apoios públicos atribuídos pelo Governo Regional dos Açores "são escassos e tardam a ser pagos".
Em 2024, por exemplo, adiantam que "não foi feito qualquer pagamento no âmbito da candidatura apresentada e aprovada ao Programa Regional de Apoio à Comunicação Social Privado da Região (PROMEDIA)", nem foi pago o apoio extraordinário já publicado em Jornal Oficial.
"Apesar de todos os esforços promovidos pela direção, dos eventos organizados na tentativa de angariação de fundos, das prestações de serviços em emissões especiais e da manutenção da cobertura de eventos únicos no espetro radiofónico local, regional e nacional (como transmissões de corridas de toiros, ralis, festividades populares e carnaval, entre outras), não há dinheiro para pagar contas; pior, não há dinheiro para pagar ordenados", salientam.
Na próxima assembleia geral serão realizadas novas eleições para os órgãos sociais do RCA e a atual direção vai solicitar a inclusão de um ponto na ordem dos trabalhos para colocar em cima da mesa a extinção da associação.
"A instituição parece já não ser essencial à ilha Terceira e aos Açores e, sendo assim, como em tudo na vida, estará na hora de declarar o seu fim, evitando situações dramáticas como as que a instituição já vivenciou de longos meses de ordenados em atraso, contas a fornecedores por liquidar e dívidas a entidades públicas que, como se sabe, existindo, são o primeiro passo para o total bloqueio ao seu funcionamento", lê-se no comunicado.
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