"As suas personagens retratam a complexidade humana" e "reivindicam o lugar da criança na sociedade", lê-se na decisão do júri, que atribuiu o prémio por unanimidade a María Baranda, reconhecendo o seu percurso literário de 30 anos.
O Prémio Iberoamericano de Literatura Infantil e Juvenil distingue o conjunto da obra de um escritor, tem o valor de 30 mil dólares (perto de 27,2 mil euros) e é uma iniciativa da Fundação SM, do grupo iberomamericano Ediciones SM, em colaboração com a Feira de Guadalajara.
María Baranda "faz da linguagem um espaço partilhado para explorar o mundo interior e exterior do leitor", afirma o júri na sua decisão, sublinhando como as imagens poéticas da escritora são capazes de transfigurar "a vulgar realidade num universo de assombro".
Autora de livros como "Frida Kahlo (una historia posible)" e "La Enorme Nada", María Baranda nasceu na Cidade do México, em abril de 1962, distinguiu-se como escritora e tradutora, tendo dedicado grande parte da sua trajetória à literatura infanto-juvenil.
As condições de vida, as disparidades sociais e os grandes conflitos têm marcado a sua obra, segundo a Feira de Guadalajara, que destaca "Diente de León", um livro situado no México rural, atravessado pela guerra do narcotráfico, em que as crianças estabelecem laços de amizade, alicerçados na "força das palavras".
"Marte y Las Princesas Voladoras", "Digo de Noche Un Gato", "Ávido Mundo" e "Teoría de Las niñas" são outros livros da escritora, que soma perto de meia centena de títulos.
A obra de María Baranda permanece inédita em Portugal, de acordo com o catálogo da Biblioteca Nacional.
O júri desta edição do prémio foi composto por representantes da Fundação SM, da UNESCO, do Conselho Internacional sobre Literatura para as Crianças e Jovens (International Board on Books for Young People, IBBY), da Organização dos Estados Americanos, do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e Caraíbas.
O prémio será entregue à autora no próximo dia 03 de dezembro, durante a Feira Internacional do Livro de Guadalajara.
Atribuído desde 2005, entre os vencedores anteriores contam-se Juan Farias (España, 2005), Bartolomeu Campos de Queirós (Brasil, 2008), Laura Devetach (Argentina, 2010), Ana María Machado (Brasil, 2012), Jordi Sierra i Fabra (España, 2013), Ivar Da Coll (Colombia, 2014), Antonio Malpica (México, 2015) e Marina Colasanti (Brasil, 2017).
No ano passado, quando Portugal foi o país convidado da Feira de Guadalajara, a escritora Alice Vieira, autora de "Rosa, Minha Irmã Rosa", foi candidata ao prémio.