Prémio a Handke com elogios na Sérvia e críticas na Bósnia e no Kosovo
A entrega hoje do Prémio Nobel da Literatura 2019 ao austríaco Peter Handke gerou elogios na Sérvia e críticas na Bósnia e no Kosovo, onde é lembrado pela defesa que fez do Presidente sérvio Slobodan Milosevic, acusado de genocídio.
© Facebook/ Peter Handke
Cultura Nobel da Literatura
O ministro da Cultura sérvio, Vladan Vukosavljevic, declarou que Handke merecia o prémio há muito tempo e lembrou o seu apoio ao "povo sérvio" em tempos difíceis e apesar das muitas críticas.
"A sua obra literária marcou globalmente o final do século XX e o começo do vigésimo primeiro. O Prémio Nobel (...) devia ter-lhe sido atribuído há muito tempo, mas a política misturou-se pelo meio. O prémio chega relativamente tarde, mas é absolutamente merecido", disse Vukosavljevic.
O ministro descreveu como uma grande vergonha para a cultura francesa e para o público europeu que a Comédia Francesa retirasse da sua programação, em 2006, obras de Handke devido à sua posição política.
Handke causou polémica internacional nos anos 90, quando defendeu a Sérvia durante a guerra nos Balcãs, bem como o seu líder autoritário, Milosevic.
O escritor participou das honras funerárias a Milosevic, que morreu em 2006 nos calabouços do Tribunal Penal Internacional, em Haia, quando estava a ser julgado por crimes de guerra.
Na Sérvia, Handke recebeu diferentes prémios, como o de Literatura Milovan Vidakovic, a Cidadania de Belgrado ou a Medalha de Ouro por grandes méritos em atividades públicas e culturais.
Ao contrário da Sérvia, a posição de Handke gera uma grande rejeição no Kosovo e em grande parte da Bósnia.
Sefik Dzaferovic, um membro muçulmano da Presidência tripartida da Bósnia, considerou escandalosa e vergonhosa a decisão de recompensar Handke, que justificava crimes de guerra na Bósnia, segundo o portal Klix.
"É vergonhoso que o Comité Nobel ignore facilmente o facto de que Handke justificou e defendeu Slobodan Milosevic e os seus executores Radovan Karadzic e Ratko Mladic, que foram condenados pelos crimes de guerra mais graves, incluindo genocídio", disse Dzaferovic.
O escritor norte-americano de origem bósnia Aleksandar Hemon classificou o escritor austríaco desta forma: "Peter Handke é o Bob Dylan dos negacionistas do genocídio".
Já o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Kosovo Petrit Selimi perguntou à Academia Sueca se o discurso do escritor hoje premiado no funeral de Milosevic "era parte da obra pela qual merecia o Nobel".
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