Traduzir a literatura portuguesa "é das coisas mais importantes que podemos fazer para aproximar os dois países", afirmou Nandini Singla, em Óbidos, onde acompanhou a primeira delegação de escritores indianos a visitar um festival literário em Portugal.
Lembrando que no seu país existem "1.600 dialetos e 22 línguas oficiais", a embaixadora defendeu um "maior investimento na tradução de escritores portugueses para a língua inglesa" para que estes possam chegar a "um mercado de 1,3 mil milhões de indianos".
"A literatura portuguesa é tão rica, tão sensível, tão profunda e tão cheia de mensagens", disse Nandini Singla, considerando a visita dos escritores indianos ao Folio "um passo" para que mais escritores de cada um dos países seja lido no outro.
O Folio -- Festival Literário Internacional de Óbidos contou pela primeira vez com cinco escritores indianos, sem qualquer livro traduzido em português, no âmbito dos memorandos de entendimento firmados entre os ministérios da Cultura dos dois países.
Maria Carlos Loureiro, diretora de serviços do Livro na Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), disse à agência Lusa que, "aproveitando a vinda dos escritores indianos a Portugal, [foi considerado] que seria interessante que participassem no Folio".
A DGLAB organizará no próximo ano a deslocação de uma delegação de escritores portugueses à índia, desconhecendo-se ainda "se serão escritores já traduzidos naquele país [como Rui Zink, Gonçalo M. Tavares ou José Luis Peixoto] ou se as entidades daquele país preferem escritores não traduzidos".
O Folio decorre em Óbidos até ao dia 20 com mais de 210 iniciativas distribuídas por 450 horas de programação em torno da literatura.
Sob o tema "O Tempo e o Medo" mais de meio milhar de convidados de quatro continentes participam em 16 mesas de escritores, 12 exposições e 13 concertos que integram a programação.
Organizado em cinco capítulos (Autores, Folia, Educa, Ilustra e Folio Mais) o festival teve a sua primeira edição em 2015, num investimento de meio milhão de euros, comparticipados por fundos comunitários, sendo desde então custeado pela autarquia e por parceiros institucionais.