O Prémio Renaudot -- outro importante prémio literário - foi atribuído, por sua vez, a Sylvain Tesson por 'La panthère des neiges', editado pela Gallimard.
O anúncio foi feito hoje à hora de almoço no restaurante Drouant, em Paris, onde a cerimónia se realiza todos os anos.
Já anteriormente distinguido com o Prémio Femina, em 2004, pelo livro 'Une Vie Française', Jean-Paul Dubois, de Toulouse, escritor de 69 anos, discreto e popular, tem vindo a construir a carreira ao longo dos últimos 30 anos.
"Está tudo a acontecer. É maravilhoso", disse Jean-Paul Dubois à imprensa, acrescentando: "É bastante irreal".
Segundo o presidente da Academia Goncourt, Bernard Pivot, "se os romances de Jean-Paul Dubois fossem traduzidos do inglês, teriam na França um 'status' comparável ao de John Irving ou William Boyd".
O 22.º título do escritor, publicado pela editora L'Olivier, conta a história de um homem, Paul Hansen, que está há dois anos a definhar numa prisão de Bordéus quando o leitor o encontra.
Paul Hansen, o narrador, conta como conseguiu compartilhar uma célula com um 'Hells Angel', personagem formidável, assustadora e comovente, que só sonha em "abrir em dois" quem não volte para ele, mas vive aterrorizado por ratos ou tesouras do cabeleireiro.
Paul Hansen é um homem bom, gentil e carinhoso e o leitor perceberá no final do romance por que razão esse homem está na prisão. Entretanto, vão emergindo memórias de uma felicidade esquecida.
Simultaneamente, Paul Hansen fala com os seus mortos: a sua companheira Winona, um piloto de hidroavião, o seu pai, um pastor dinamarquês austero e tolerante, fiel ao seu cargo, mesmo depois de perder a fé, a sua mãe libertária que não hesitará em programar um filme pornográfico no seu cinema, mesmo sendo "a esposa do pastor", e o seu cachorro Nouk, personagem essencial do romance.
O que Jean-Paul Dubois conta é a história de um mundo em desaparecimento para ser substituído por outro dominado pela injustiça e pelo desprezo.
O que os leitores de Jean-Paul Dubois encontrarão neste romance -- segundo muitos críticos, o mais bonito de todos -- são os ingredientes habituais de sua obra: o nome fetiche Paul, um dentista, um acidente, ou o gosto pelos detalhes técnicos indicados com exatidão.
No ano passado, o prémio Goncourt foi atribuído a Nicolas Mathieu por 'Leurs enfants après eux'.
Jean-Paul Dubois tem publicados em Portugal os romances 'Uma vida francesa' e 'Não brinque, Senhor Tanner', nas edições Asa (Grupo Leya), e 'A sucessão', na Sextante (Grupo Porto Editora).