Poetas de Amália estreiam a plataforma digital de espetáculos Teia 19
A primeira iniciativa da Teia 19, plataforma de conteúdos artísticos 'online', que apela a donativos do público, realiza-se hoje com um recital dedicado aos poetas de Amália, pelo ator André Gago.
© Lusa
Cultura Covid-19
Criada como resposta à paralisação do setor, no âmbito do combate à pandemia de covid-19, a Teia 19 resulta da iniciativa de artistas e técnicos, com o objetivo de minimizar a ausência de rendimentos.
O recital de hoje faz parte do programa mensal "As primas terças", dedicado à poesia, que o ator André Gago mantém em Lisboa, há vários anos.
Em declarações à agência Lusa, André Gago, que faz parte do grupo inicial da plataforma, disse que o coletivo Teia 19 "reúne várias pessoas que de alguma maneira estão ligadas às artes -- programadores ou artistas -- e que estão a tentar fazer alguma coisa, abrindo a possibilidade de haver contrapartidas por parte do público para espetáculos".
O recital foi filmado em casa de André Gago e conta com a participação de Pedro Dias, na guitarra portuguesa, que, em sua casa, está a criar temas improvisados a partir de fados de Amália Rodrigues, acrescentou o ator à agência Lusa.
Quanto aos donativos, André Gago disse que a plataforma não os irá gerir, já que cabe a cada artista indicar o meio para que este seja feito diretamente. "Nós não tocamos em dinheiro, queremos é fornecer uma plataforma técnica onde possa ser facilitada a forma de fazer o donativo", frisou.
Até ao momento, a maneira de aceder à Teia 19 é através do Facebook. Os artistas à medida que forem aderindo podem colocar uma ligação às suas redes sociais.
André Gago lembrou que há artistas que continuam a ter pagamentos garantidos através da Direção Geral das Artes e dos teatros nacionais, mas muitos não vão ter qualquer remuneração, já que com a pandemia de covid-19 se viram obrigados a cancelar ou a adiar trabalhos 'sine die'.
"E estes têm uma quebra total de rendimentos; há que não esquecer", sublinhou.
André Gago disse ainda que a intenção não é transmitir as iniciativas da Teia 19 em 'streaming'. "Vamos tratar sempre de construir emissões com qualidade técnica". A ideia é haver público que contribua com o donativo que quiser e se quiser.
Numa primeira fase, a Teia 19 privilegiará os artistas e técnicos que tenham visto as suas apresentações canceladas nos meses de março, abril e maio.
Será também organizada uma grelha de emissão dos formatos de transmissão e cada artista deverá indicar o MBway, IBAN ou outra forma de pagamento para onde os donativos deverão ser transferidos ou depositados.
Pretende-se que os formatos sejam tecnicamente otimizados e difundidos com a chancela TEIA19, com genérico inicial e créditos finais. Os vídeos e áudios deverão ter uma duração entre 10 a 30 minutos, lê-se a página da Teia 19 no Facebook.
A equipa da Teia19 é coordenada por André Gago e Shilá Quadros Fernandes (produção e programação), Teresa Leiria Pinto (gestão de projetos e programação), Luís Pargana (gestão de projetos e programação), Amélia Bentes (dança e Programação), Ana Figueira (dança, gestão de projetos e programação), Ana Zivick (design gráfico), Luna Barreto (comunicação) e Leonardo Patrício (produção e gestão multimédia).
Outro projeto que visa o pagamento de atuações 'online' é RHI Stage, lançado na segunda-feira pelo Arte Institute e a iniciativa RHI.
Este projeto, que tem abertas as inscrições de profissionais das artes, permite o pagamento a artistas e a disponibilização de espetáculos, na área de mercado da plataforma RHI.
"O objetivo é reunir na plataforma 'online' RHI, artistas de todo o mundo, convidando-os a partilhar o seu trabalho" com a comunidade global, neste "período desafiante que vivemos", mas também de dar "oportunidade ao público de poder pagar aos artistas pelo seu trabalho", lê-se no comunicado hoje divulgado pela organização.
Para dar forma ao RHI Stage, no contexto do apoio às artes, na sequência da atual paralisação do setor, o Arte Institute e a iniciativa RHI - Revolution_Hope_Imagination, que surgiu em setembro do ano passado, disponibilizam a aplicação 'online' RHI Think, através da qual podem ser vistos os trabalhos dos artistas, e abrem em simultâneo as inscrições a profissionais das artes e da cultura, que queiram divulgar, através dela, o seu trabalho.
"Os espetáculos são grátis, no entanto o trabalho dos artistas não deve ser! O valor recebido por cada espetáculo será entregue aos artistas na totalidade", garante o Arte Institute.
Através da RHI Think pode ser pago "o valor que [o espectador] achar justo por estes espetáculos". O público pode também acompanhar a programação prevista, a disponibilização de vídeos e valorizar o trabalho dos artistas. Cada espetáculo terá uma duração de 20-30 minutos e permanecerá disponível na plataforma e no 'marketplace' RHI-Think.com.
Os artistas podem inscrever-se em https://rhi-think.com/stage-submissions.
O combate à pandemia paralisou o setor da Cultura em toda a Europa. Em Portugal, de acordo com um inquérito feito pelo Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos (Cena-STE), a perda de trabalho afeta 98 pessoas em cada 100.
Em termos financeiros, as perdas por trabalhos cancelados somam dois milhões de euros, apenas para o período de março a maio deste ano, segundo a estrutura sindical.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo.
Em Portugal, segundo o balanço feito na segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 311 mortes, mais 16 do que na véspera (+5,4%), e 11.730 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 452 em relação a domingo (+4%).
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