Aos 28 anos, Miguel Bravo, mais conhecido pelo nome artístico Easy B, tem bem definido o que quer: deixar a sua marca no panorama musical português e além fronteiras. Nascido na Amadora, mas criado em Vialonga, freguesia do concelho de Vila Franca de Xira, pauta o seu percurso por várias conquistas árduas, conseguidas "a pulso" e com "muita persistência".
Apesar de não ter qualquer relação familiar ou de infância ligadas ao mundo da música ou das artes, a verdade é que desde cedo, aos 12/13 anos, "o bichinho despertou" com a "explosão do 'Baza Baza' de Boss AC, 'Dillema' do Nelly, Marshall Matters LP, entre muitas outras influências e nomes".
E, a partir daí, as portas para o Rap abriram-se e com o passar dos anos outras mais: R&B, Pop, Soul, Kizomba, Zouk, música portuguesa e brasileira. "Hoje tudo o que absorvo, está presente na música que faço", diz Easy B ao Notícias ao Minuto.
Mas além de rapper, Miguel Bravo é também produtor, foi aliás por aqui que deu os primeiros passos na música com apenas 13/14 anos. Diferentes funções em que se sente "bem" e às quais, garante, se entrega da "mesma forma" dando o melhor de si. No passado mês de setembro, e contrariando os tempos diferentes que vivemos, lançou o single 'Não Stresses', que faz parte do EP 'Rasto', e que apesar de ter sido gravado antes da pandemia comporta uma mensagem que assenta como uma luva na atualidade: "O stress é constante, não é de hoje, mas é certo que com tudo o que se tem estado a passar as pessoas estão todas mais tensas e ansiosas".
Em entrevista, por escrito, ao Notícias ao Minuto, Easy B falou do seu percurso, das suas influências musicais, do novo single - que conta com um sample da música 'A dois passos' de Lúcia Moniz -, e das novidades que estão para chegar. Venha daí conhecer Miguel Bravo.
Tiveste uma infância ligada à música? Que momento ou circunstância te fez seguir este caminho?
Não tive uma infância ligada à música, pelo menos de que me recorde. É curioso, mas venho de uma família que não está nem ligada à música, nem às artes, costumo até dizer que ainda não descobri de onde vem a minha 'costela' de músico. A verdade é que o bichinho despertou quando tinha os meus 12/13 anos, na altura em que houve a explosão do 'Baza Baza' de Boss AC, 'Dillema' do Nelly, Marshall Matters LP, entre muitas outras influências e nomes que absorvi nessa altura. [Mas] o que me fez seguir, foi simplesmente o gosto e emoção que sentia ao ouvir Rap.
No futuro, gostava de escrever canções de fado e de outros estilos. Estou a trabalhar para isso!Que género(s) de música ouvias e ouves? Aqueles para os quais escreves ou outros?
Nessa fase de descoberta, ouvia mesmo muito Rap, sobretudo português. Muitas das minhas primeiras influências e referências foram portuguesas. Na altura em que comecei a ouvir Rap, tive a sorte de já haver muita coisa de qualidade a ser feita em português, o que facilitou imenso porque entendia tudo o que diziam, se tivesse começado a ouvir Rap nos primórdios dos anos 90, com certeza as minhas referências teriam sido outras. Depois, com o passar do tempo, fui percebendo que gostava de outras coisas e de outros estilos, nomeadamente R&B, Pop, Soul, Kizomba, Zouk, música brasileira, e evidentemente, música portuguesa. Hoje, tudo o que absorvo está presente na música que faço. Escrevo tudo o que é para mim e também já escrevi para outros artistas. [E], no futuro, gostava de escrever canções de fado e de outros estilos. Estou a trabalhar para isso!
Onde vais buscar inspiração para as tuas letras e que influências tens?
Inspiro-me na vida de uma maneira geral, e cada vez mais a minha música é um espelho daquilo que sou, das minhas experiências e vivências. Sou muito autobiográfico e cada vez mais me exponho de uma maneira muito despida na música que faço, [apesar de] no meu dia a dia, não ser tanto assim. Tenho muitas influências, e muita coisa vai além do Hip Hop, consumo muita música, chega até a ser difícil de enumerar...
O Easy vem de eu ser uma pessoa tranquila, calma, simples, e o B é a primeira letra do meu apelido que é Bravo És produtor e rapper, que diferenças identificas e em qual papel te sentes mais completo?
São funções às quais me entrego da mesma forma, sinto-me bem de igual modo, a fazer ambas, e tento dar sempre o melhor de mim a tudo aquilo a que me entrego. Nada é perfeito, mas faço sempre o melhor que sei.
Antes da estreia com o EP 'Rasto' só escrevias? O que te fez dar este salto para passares a dar também a tua voz?
Escrevo desde os meus 13/14 anos, claro que nessa altura estamos a falar de coisas que escrevia que nem sequer tinham nada a ver comigo, nessa idade tu ainda mal te conheces. Depois a curiosidade levou-me a querer passar ao record, e comecei a gravar também por volta dessa altura num quarto e sem meios. Faço beats desde os meus 16 anos, ou seja, produzo instrumentais desde os 16. Hoje acho que posso dizer que sou produtor, com um pouco mais de convicção do que nessa altura.
Como surge o nome artístico Easy B?
Quando comecei [neste meio] tinha outro nome, mas não tinha nada a ver comigo. Na altura da descoberta tu queres um nome qualquer só para desenrascar. Mais tarde, e já com outra visão das coisas, surge Easy B. O Easy vem de eu ser uma pessoa tranquila, calma, simples, e o B é a primeira letra do meu apelido que é Bravo.
A música já estava gravada antes de ter acontecido isto da pandemia (...) O tema tem uma mensagem de otimismo, positividade, e de ânimo. O stress é constante, não é de hoje, mas é certo que com tudo o que se tem estado a passar as pessoas estão todas mais tensas e ansiosasFala-me um pouco sobre o EP 'Rasto' que influências, inspirações, e géneros estão presentes?
É um projeto que estive a compilar nos últimos tempos, é muito pessoal, 100% autobiográfico e são cinco estados de espírito diferentes. Tem influências de Cuba, de musica clássica, Pop, R&B, Soul, e samplei alguns nomes consagrados não só na música portuguesa mas também internacionalmente. Em termos de produção, tem influências de nomes como Russ, Mustard, J Cole, Hit Boy, entre outros.
O single de estreia 'Não Stresses' foi escolhido por alguma razão? Há alguma mensagem que queres passar nestes tempos que vivemos?
Sim. A música já estava gravada antes de ter acontecido isto da pandemia, inclusive a mensagem da música é para mim mesmo, fi-lo para mim. A produção é minha e este single tem um sample da música 'A dois passos' do primeiro disco 'Magnólia' da cantora e atriz Lúcia Moniz. Escolhi esta música para primeiro avanço devido ao momento em que estamos a viver. O tema tem uma mensagem de otimismo, positividade, e de ânimo. O stress é constante, não é de hoje, mas é certo que com tudo o que se tem estado a passar as pessoas estão todas mais tensas e ansiosas. [Além disso], à medida que ia mostrando os temas a algumas pessoas em primeira mão para ter algumas opiniões, referenciavam sempre esta música, [o que] era já um bom indicador. Então decidi escolher este tema para primeiro single. Felizmente, tem corrido bem!
Quem são os músicos que te acompanham na live session?
Felizmente tive um 'elenco de luxo', para além de serem pessoas com bastante talento, são amigos, e não há nada melhor do que fazer o que se gosta, com amigos! Na direção musical e arranjos: Ariel Rosa - que também participou em uma das live sessions como baterista; na bateria, Fábio Paz; no baixo, Vasco Trindade; na guitarra, Diogo Santos; nas teclas, Bernardo Freire Cruz 'Monk Smith'; nos coros, as vozes de Inês Andrade e Isaías Minhaça. E foi gravado, misturado e masterizado por Vasco Teodoro, no estúdio Plateia D' Ilusões.
O feedback deste primeiro single tem sido absolutamente incrível. As pessoas estão a receber muitíssimo bem a música, e creio que a mensagem tem vindo a ajudarA pandemia alterou algum dos teus planos?
Sim. Alterou e, na verdade, tem vindo a alterar algumas coisas, como por exemplo a forma como gostaria de estar a fazer promoção, não é de todo possível por exemplo fazer coisas ao vivo, nesta altura torna-se tudo muito mais complicado, até em termos logísticos. Porém, é [também] uma boa altura para apostar em air play, até porque acredito que o principal propósito da arte deve ser a partilha e a entrega, conectarmo-nos com as pessoas. Tudo o resto, é uma consequência. Eu faço a minha parte, o resto vem por acréscimo.
Que feedback estás a ter?
O feedback deste primeiro single tem sido absolutamente incrível. As pessoas estão a receber muitíssimo bem a música, e creio que a mensagem tem vindo a ajudar. Os meios do Hip Hop abraçaram o tema, também na primeira semana do lançamento a música entrou para quatro grandes playlists da Apple Music e do Spotify - devo agradecer à Universal Music -, e tenho também feito promoção na televisão. O single já tocou na Cidade FM, e recentemente passou nas manhãs da Rádio Comercial, algo que para mim era impensável nesta altura. Fico feliz e espero que continue assim!
Quanto a próximos passos, o que podes revelar?
Creio que [no] final de novembro haverá o segundo lançamento e tem um 'cameo' de um artista que muito admiro. Será uma surpresa para muitas pessoas, tenho a certeza! O resto, está ainda no segredo dos deuses...
Quem quiser acompanhar e seguir de perto o teu trabalho onde pode fazê-lo? Em que plataformas estás e o que lá podemos encontrar?
EasyBoficial no Instagram, Facebook, YouTube, e tudo o resto.
Obrigada, Miguel Bravo e boa sorte!