É esse o novo formato em que o certame do distrito de Aveiro aposta para garantir que a programação de 2020 chega em segurança a mais espectadores, já que, embora mantendo a sua tela principal no Cento Multimeios de Espinho e levando também sessões e outras iniciativas a mais salas da cidade e escolas, as opções presenciais foram reduzidas para garantir menor aglomeração de público.
Para agilizar procedimentos, o acesso presencial este ano é "totalmente gratuito" e quem preferir seguir o evento a partir de casa terá de inscrever-se para o efeito no 'site' do festival, e pagar antecipadamente os sete euros. Depois disso, receberá um código para acesso aos filmes, sendo que os das sessões competitivas estarão disponíveis 24 horas por dia até 15 de novembro, para serem vistos "as vezes que o espectador quiser no horário que lhe for mais conveniente", enquanto algumas obras das retrospetivas só poderão ser visionadas no horário real da respetiva sessão, por imposição dos autores e distribuidoras.
"Tivemos que nos adaptar para conseguir chegar ao público na mesma, independentemente do que pudesse acontecer entre os dias 09 e 15 de novembro em termos de covid-19, e a opção foi disponibilizar na internet os cerca de 300 filmes da competição e do programa complementar", explica à Lusa António Santos, presidente da Cooperativa Nascente, que é a entidade organizadora do festival.
Essa adaptação estendeu-se também ao programa específico para estabelecimentos de ensino: se antes eram milhares de alunos do pré-escolar ao secundário os que se distribuíam pelas diferentes salas do Cinanima para assistir a programas específicos, "este ano é o festival que vai às 200 escolas inscritas, para assim se evitar deslocações de tanta gente e se controlar melhor todos os aspetos sanitários em causa".
Quanto à seleção de 2020 para "o mais antigo festival de cinema de animação do país e um dos três mais antigos do mundo", continua a envolver produções oriundas dos cinco continentes e a apresentar-se "numa linguagem pluridisciplinar, com diversas camadas de leitura inteligíveis quer por miúdos, quer por graúdos".
Além dos 97 filmes a concurso nas várias categorias de curtas e longas-metragens, 68 dos quais na secção internacional e 29 na nacional, a 44.ª edição terá ainda em foco a obra da cineasta e pintora francesa Florence Miailhe, propondo também uma retrospetiva sobre a última década do cinema de animação europeu, na qual se darão a conhecer 16 realizadores.
António Santos acrescenta que do programa paralelo do Cinanima consta ainda "um ciclo de filmes que assinalam os 75 anos do fim da II Grande Guerra" e uma homenagem ao checo Jiri Trnka, cineasta, ilustrador e artesão de marionetas. É precisamente uma longa desse autor, "Velhas lendas checas" (1953), que se exibe na próxima segunda-feira na sessão de abertura do festival.
Na terça-feira, segue-se outra obra de relevo: "Pica Don", o documentário que, lançado em 1978 pelo realizador japonês Renzo Kinoshita, constitui "a primeira tentativa no mundo de, precisamente através da animação, lidar com um acontecimento tão traumatizante" como a queda da bomba atómica em Hiroshima.