A limitação da circulação nos próximos dois fins de semana, entre as 13h00 e as 5h00, e o recolher obrigatório entre as 23h00 e as 5h00 durante a semana, nos 121 concelhos com maior risco de contágio, é "uma desgraça para o setor", afirmou à agência Lusa o sindicalista Rui Galveias.
"Olhamos para tudo isto com muita preocupação. Entendemos a necessidade de cuidar das pessoas, entendemos que os números são dramáticos, mas não conseguimos compreender estados de emergência, quando as pessoas têm aderido às regras", salientou.
De acordo com o dirigente sindical, as mais recentes medidas do Governo "fazem com que os espetáculos deixem de fazer sentido", estando o setor perante "uma incapacidade absoluta para trabalhar e para chegar às pessoas".
Segundo Rui Galveias, o setor da cultura será altamente penalizado pela medida, apesar de ser um universo onde não têm sido reportados surtos ou focos de contágio.
"Isto resume a vida das pessoas ao caminho do trabalho. Garante-se trabalho, garante-se economia, mas não se garante a dignidade e a saúde mental das pessoas. Não é esta a sociedade que queremos", vincou, salientando que os contágios têm surgido acima de tudo "em zonas de grande indústria".
Para Rui Galveias, "o critério [do Governo] não é pôr em primeiro lugar as pessoas, mas sim outras coisas", sendo que "a cultura é uma vítima destas escolhas".
"Desde que a pandemia se instalou, que as reivindicações que fazemos têm cada ve mais peso e fazem cada vez mais sentido, mas as respostas do Governo ou não existem ou são migalhas para um setor precário e que está numa situação dramática", frisou.
Segundo anunciou o primeiro-ministro, António Costa, no final de um Conselho de Ministros extraordinário para tomar medidas no âmbito do estado de emergência decretado devido à pandemia de covid-19, "haverá liberdade de circulação nas manhãs de sábado e de domingo".
A "limitação da liberdade de circulação" vigorará entre as 13h00 de sábado e as 500 de domingo e as 13h00 de domingo e as 5h00 de segunda-feira nos fins de semana de 14 e 15 de novembro e de 21 e 22 de novembro.
O Governo decretou também o recolher obrigatório entre as 23h00 e as 5h00 nos dias de semana, a partir de segunda-feira e até 23 de novembro, nos 121 municípios mais afetados pela pandemia.
Estas medidas abrangem os 121 concelhos de Portugal continental onde há "risco elevado de transmissão da covid-19", abrangendo 70% da população residente, ou seja, 7,1 milhões de habitantes em Portugal, incluindo todos os concelhos das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto.