O artista estava internado num hospital de Lisboa com graves problemas do foro respiratório, indicou ao início da manhã de hoje, à agência Lusa, a diretora regional de cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira.
João Cutileiro (1937-2021) "soube romper com a tradição, abrir novos caminhos e reinventar Portugal e a sua história, criando uma mitologia que é ao mesmo tempo própria, mas também coletiva, pela forma como, a partir dele, vemos em espelho aquilo que somos, com humor e com assombro", sublinha a ministra da Cultura em mensagens deixadas na rede social Twitter.
Em 2018, o ministério recorda que, pelo "inestimável trabalho de uma vida dedicada à arte, à criação artística e à divulgação e fomento da escultura, o Governo português concedeu a João Cutileiro a Medalha de Mérito Cultural".
"Na arte, como na vida pública, João Cutileiro foi um criador corajoso, mas também um homem generoso, um mestre e educador para muitos, e um exemplo que teremos sempre presente. A sua obra, parte fundamental do património artístico português contemporâneo, é um legado que, permanentemente, nos continuará a desafiar, a questionar e a motivar", pode ler-se numa nota de pesar do ministério.
João Cutileiro é autor do Monumento ao 25 de Abril, instalado no Parque Eduardo VII, em Lisboa, entre outras obras.
Cutileiro viveu e trabalhou em Évora desde 1985. Frequentou os ateliês de António Pedro, Jorge Barradas e António Duarte de 1946 a 1950, tendo feito a sua primeira exposição individual ("Tentativas Plásticas") em 1951, com 14 anos, em Reguengos de Monsaraz, onde apresentou esculturas, pinturas, aguarelas e cerâmicas.
Foi condecorado com a Ordem de Sant'Iago da Espada, Grau de Oficial, em agosto de 1983, e recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora e pela Universidade Nova de Lisboa, este último, concedido em 2017.
Em 2018, quando Cutileiro recebeu a Medalha de Mérito Cultural, numa cerimónia no Museu de Évora, foi formalizada a doação do espólio do escultor ao Estado português.
Leia Também: João Cutileiro: "Nunca foi indiferente nem nunca nos deixou indiferente"