A mais recente legislação relativa ao estado de emergência impede a realização de concertos até final de janeiro, com o objetivo de evitar concentração de pessoas e diminuir os riscos de contaminação pelo vírus SARS-CoV-2, mas a casa gerida pela Academia de Música de Espinho, no distrito de Aveiro, preferiu apostar em medidas de prazo mais alargado mesmo antes de o Presidente da República ter anunciado, este domingo à noite, que iria prolongar esse quadro legal de exceção até ao fim do seu mandato, a 09 de março.
"Em virtude das novas medidas decretadas pelo Governo no sentido de combater e fazer face à evolução da situação pandémica da covid-19, o Auditório de Espinho decidiu suspender a programação até março", revela o programador do auditório André Gomes à Lusa.
Esse responsável explica que suspender espetáculos para além da data de proibição atual - que, independentemente da decisão do Presidente da República, só vigora por períodos de 15 dias e sempre mediante aprovação no parlamento - é uma opção preferível à constante alteração de procedimentos.
"Preferimos adiar já a programação até março uma vez que se torna, de facto, muito complicado trabalhar com horizontes tão curtos. Há uma série de processos na programação e na apresentação de um espetáculo que pressupõem tempo, quanto mais não seja ao nível da comunicação com os públicos e da gestão das suas expectativas", defende.
"A juntar a isso, temos de jogar também com a confiança do público e é expectável que ela venha a aumentar com uma eventual descida dos números de infetados por covid-19 e com um avanço na administração das vacinas", acrescenta.
Os concertos assim suspensos são três: o do Ricardo Toscano Quarteto, inicialmente previsto para 29 de janeiro; o da Orquestra de Jazz de Espinho com o pianista galego Abe Rábade, anunciado para 05 de fevereiro; e o da Orquestra Clássica de Espinho com o barítono André Baleiro, que se realizaria a 12 de fevereiro.
A intenção do Auditório é reagendar esses espetáculos para datas posteriores, mas o reembolso dos bilhetes adquiridos já pode ser solicitado, devendo para isso os interessados contactar a bilheteira.
Portugal continental entrou, às 00:00 de sexta-feira, num novo confinamento geral, devido ao agravamento da pandemia de covid-19, com os portugueses sujeitos ao dever de recolhimento domiciliário, mas mantendo as escolas com o ensino presencial.
No âmbito da modificação do estado de emergência no país, o Governo determinou, na quarta-feira, um conjunto de medidas extraordinárias que vão vigorar até às 23:59 de 30 de janeiro, para "limitar a propagação da pandemia e proteger a saúde pública".
O dever geral de recolhimento domiciliário, em que "a regra é ficar em casa", prevê deslocações autorizadas para comprar bens e serviços essenciais, desempenho de atividades profissionais, frequência de estabelecimentos escolares, prática de atividade física e desportiva ao ar livre ou participação no âmbito da campanha eleitoral ou da eleição do Presidente da República.