Numa nota publicada no "site" da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa descreveu a carreira do músico que nasceu há mais de 100 anos, tal como Amália, de quem, "numa longa e distinta carreira, seria seu viola baixo durante três décadas, afirmando o lugar desse instrumento no fado moderno".
"O último século português foi também o século do fado", segundo Marcelo.
"Ao talento e ao instinto juntava Joel Pina a produtividade e o ecumenismo (gravou três centenas de discos), bem como a disponibilidade e a afabilidade. De modo que o seu centenário, no ano passado, foi celebrado por diferentes gerações de músicos e intérpretes, os que com ele trabalharam e os que lhe estavam gratos", sublinhou o Chefe do Estado que, afirmando a "mesma gratidão", "em nome de todos os portugueses".
O Presidente lembrou que Joel Pina "começou a tocar nos anos 1930, integrou o Quarteto Típico de Guitarras de Martinho de Assunção e o Conjunto de Guitarras Raul Nery, actuou na Adega Machado e nas digressões ao estrangeiro de Maria Teresa de Noronha".
Em 1966, "tornou-se membro do grupo de músicos que acompanhava Amália", o que levou o músico a dizer que esses foram "os melhores anos da sua vida".
"E alguns dos melhores anos da música portuguesa", concluiu.
O músico Joel Pina morreu na quinta-feira, em Cascais, onde se encontrava hospitalizado, a poucos dias de completar 101 anos.
Joel Pina era o nome artístico de João Manuel de Pina, nascido em 17 de fevereiro de 1920, músico que acompanhou Amália Rodrigues durante mais de 30 anos, assim como vários intérpretes portugueses e diferentes gerações do fado, de Maria Teresa de Noronha, a Teresa Tarouca, Max e Tristão da Silva, sem esquecer Nuno da Câmara Pereira, João Braga e Camané, entre os intérpretes de gerações mais recentes. Fez parte do Quarteto Típico de Guitarras de Martinho d'Assunção, do Conjunto de Guitarras de Raul Nery.
O músico foi homenageado em setembro do ano passado, no Teatro S. Luiz, em Lisboa, num concerto que contou com as participações, entre outros, de Maria da Fé, Mariza, Gonçalo Salgueiro, Mísia, Teresa Siqueira e Lenita Gentil, ao qual assistiu o primeiro-ministro, António Costa.
Leia Também: Joel Pina: Músico era "memória do fado" e sua "figura central"