A camisola poveira que a estilista norte-americana Tory Burch 'copiou' e colocou na sua coleção à venda por 695 euros desapareceu, esta sexta-feira, e sem qualquer explicação, do site da marca. Após a polémica que tanta tinta fez correr nas redes sociais - e o esclarecimento onde pede "sinceras desculpas aos portugueses" - a peça de roupa já não consta na coleção.
O Estado Português, recorde-se, através do Ministério da Cultura, anunciou, esta sexta-feira, que pretende acionar meios judiciais para combater a "apropriação abusiva" da camisola poveira, por parte da estilista norte-americana.
Ouvido pela agência Lusa, o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, do distrito do Porto, explicou que, juntamente com o Ministério da Cultura, está a ser estudada uma "ação judicial, junto do Tribunal de Nova Iorque, para exigir a reparação dos danos para a cultura portuguesa e da Póvoa de Varzim".
O pedido de desculpas
Após a polémica instalada, a própria Tory Burch colocou um pedido de desculpas no Facebook pelo sucedido, já depois de ter corrigido que a peça era de inspiração mexicana. "Pedimos sinceras desculpas ao povo de Portugal - chegou ao nosso conhecimento que atribuímos erradamente um camisola Primavera 2021 como inspirada em Baja (México). Foi um erro não termos feito referência às bonitas e tradicionais camisolas de pescador representadas pela cidade da Póvoa de Varzim", pode ler-se na publicação.
As evidentes semelhanças, desde os caranguejos e outros motivos marítimos até à coroa da monarquia portuguesa, ao centro, chamaram a atenção de vários internautas e a indignação tomou conta das redes sociais.
Contudo, o gosto da estilista pelos artigos portugueses parece não se 'esgotar' nas típicas camisolas poveiras. Além destas, a estilista norte-americana tem também à venda no site da sua marca produtos muito semelhantes a produções nacionais, como peças de louça da Bordalo Pinheiro, originais da fábrica das Caldas da Rainha.
A marca também já reagiu e, no Instagram, ripostou com uma 'Camisola Couveira'. "Cá para nós há coisas que valem bem mais que o preço. O apreço pela criatividade, a tradição, a originalidade, a história. Traços que definem quem nós somos enquanto marca e enquanto comunidade", lê-se.
A Bordallo Pinheiro acrescenta ainda: "A nossa recompensa maior é a vossa preferência, lealdade e reconhecimento do que é autêntico. E o mesmo vale para tudo o que é nosso. Podem tirar a tradição do poveiro, mas nunca tirarão o poveiro da tradição!"
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