"Antes de mais, isto é uma estreia mundial", salientou, em declarações à Lusa, o diretor de rede da Vodafone Portugal, Pedro Santos.
A transmissão "em direto para uma televisão nunca foi feita, vamos ter aqui essa experiência pela primeira vez", acrescentou.
A ideia desta iniciativa surgiu, em primeiro lugar, porque a Vodafone "tem uma associação a este evento dos prémios e pareceu-nos que colocar o 5G ao serviço deste espetáculo seria uma boa solução, tirando proveito de uma das características do 5G", que é baixa latência, ou seja, "a capacidade que temos de interagir com algo que está à distância, de forma rápida e instantânea e em tempo real", explicou.
A isso acresce os tempos de pandemia, que inspirou a ideia de "colocar dois músicos separados fisicamente e pôr o 5G a aproximá-los", sublinhou Pedro Santos.
Um dos músicos, Catarina Salinas, estará a tocar no Coliseu de Lisboa, e o outro, Ed Rocha Gonçalves, na Casa da Música, no Porto.
"Esta sala do Coliseu tem rede 5G porque a Vodafone já colocou no seu processo de preparação para o lançamento comercial da rede nesta zona", como também na Casa da Música, no Porto, adiantou o responsável.
Portanto, "tendo rede 5G nas imediações nada teve de ser feito especificamente" para esta atuação, a não ser trazer os pianos, que estão ligados a um 'router' de quinta geração.
E como é que tudo se processa? Tratam-se de dois pianos de cauda normal (Baby Yamaha Disklavier E3) - um no Porto e outro em Lisboa - que têm um computador ligado à interface MIDI do instrumento que, "na prática deteta que teclas estão a ser pressionadas".
Na prática, quando um músico pressiona as teclas, essa informação passa para o computador que está ligado ao 'router' 5G e essa informação é enviada "via 5G para a 'cloud' e depois para o 'router' 5G que está no outro piano".
Ou seja, leva-se mais tempo a explicar do que o processo em si: "Quando uma tecla é pressionada no Porto ou em Lisboa, ela é pressionada do outro lado 30 milissegundos depois", apontou o diretor de redes.
Só para se ter uma ideia de quão rápido tudo se processa, um piscar de olhos pode levar até 400 milissegundos.
"Estamos a falar de algo que é 10 vezes ou mais rápido do que piscar os olhos, permite que dois músicos profissionais consigam tocar à distância sem sobressaltos, é o equivalente a tocar lado a lado, a quatro mãos", só que duas mãos estão a 300 quilómetros de distância.
A Lusa assistiu ao primeiro ensaio do dueto à distância onde foi possível visualizar as teclas do piano de Catarina Salinas tocarem sozinhas como se Ed estivesse a seu lado.
"É incrível, parece magia", comentou Catarina Salinas, num intervalo dos ensaios.
Sobre o que pensou quando lhe foi lançado o desafio desta atuação com tecnologia 5G, afirmou: "O primeiro pensamento foi de excitação e o segundo de pânico".
A acrescentar este desafio está o facto da música "Hang Out", que será tocada hoje, cumprir uma década.
"A 'Hang Out', que é a música que vamos tocar faz 10 anos, assim como a nossa carreira", sublinhou Catarina Salinas.
Para Pedro Santos, realização desta operação foi "simples", já que a tecnologia 5G se encontra "numa fase de maturidade. Quando se fala repetidamente que o 5G está atrasado não é seguramente na componente tecnológica", asseverou o responsável.
A Vodafone "acredita que este tipo de aplicações vai ser usado em outras áreas" desde a saúde, educação, indústria e até no setor automóvel.
"Temos todo o interesse em concretizar aplicações práticas, este processo foi feito com músicos, mas pode ser feito pelos profissionais de outras áreas", salientou.
Esta experiência é realizada com espectro cedido pela Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) para testes, já que o leilão ainda está a decorrer.
A fiabilidade da tecnologia "é muito grande, o 5G já foi lançado em vários operadores do grupo Vodafone em 2019, estamos em 2021, a tecnologia está testada", apontou.
"Queremos mostrar as vantagens do 5G em vários setores do país que seguramente vão tirar benefícios das características do 5G, é para nós importante trabalhar de perto com quem vai beneficiar" da tecnologia, sublinhou Pedro Santos.
A 3.ª edição dos prémios de música Play, que reconhece artistas, álbuns e músicas de produção portuguesa, decorre hoje no Coliseu dos Recreios, Lisboa, e tem transmissão na RTP1.
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