Livro de crónicas de Lobo Antunes traça "impressivo retrato" do autor

O novo livro de António Lobo Antunes, "As Crónicas", a publicar na próxima terça-feira, reúne 173 crónicas selecionadas a partir de mais de 400 textos publicados em cinco livros, entre 1988 e 2013, e ainda nove inéditas.

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Lusa
19/08/2021 11:24 ‧ 19/08/2021 por Lusa

Cultura

Presidente da República

O livro é prefaciado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que afirma ter encontrado nestas crónicas um "impressivo retrato" do autor que aborda a meninice, a adolescência, a saudade, a ternura e a sua própria biografia.

"Biografia -- Terna -- Nunca Acabada" é o título do prefácio de Marcelo Rebelo de Sousa, que, em fevereiro de 2018, no âmbito da iniciativa presidencial "Escritores no Palácio de Belém", em Lisboa, não escondeu a sua admiração pelo escritor, cujas crónicas seguia atentamente.

Marcelo escreve que estas crónicas apresentam António Lobo Antunes ao leitor: "Não o épico. De fim do Império. Começo de novo Futuro. Recordação do Passado sempre Presente. Mas o lírico. De corpo inteiro. De carne e osso. Ele. Ele e os seus afetos. Tão próximo de nós. Como cada um de nós gostaria de sentir. Ou de escrever. Se possível mais nosso. Ou mais dele...", e remata questionando: "Quem diz que, num génio, crónica é menos que romance?".

Em comunicado, as Publicações D. Quixote, que chancelam a obra, referem que as crónicas de Lobo Antunes revelam uma "escrita mais intimista do que a dos seus romances" e "abordam uma vastíssima panóplia de temas que incluem não só a infância, a família, as mulheres, os amigos, os amores e desamores, a vida e a morte, mas também relatos sobre pessoas anónimas encontradas ocasionalmente, apontamentos de viagem ou sobre pequenos restaurantes de bairro e, como não podia faltar, algumas notas sobre a escrita e os livros".

Este livro visa "oferecer ao leitor uma amostra realmente abrangente da versatilidade e do talento daquele que é hoje, inquestionavelmente, o maior escritor português vivo".

O escritor António Lobo Antunes doou o seu acervo literário à cidade de Lisboa, que vai ser acomodado numa nova biblioteca que ostentará o seu nome, em Benfica, onde nasceu já 78 anos.

O arquivo constituirá um centro interpretativo da sua obra, para estudantes e investigadores, que fará parte da nova biblioteca municipal, a instalar em Benfica, no edifício da antiga Fábrica Simões, na Avenida Gomes Pereira, com um espaço de 2.000 metros quadrados.

No ano passado, o escritor foi um dos nomeados para o Prémio Literário Internacional de Dublin, com o livro "Até que as pedras se tornem mais leves que a água".

Lobo Antunes estudou na Faculdade de Medicina de Lisboa e especializou-se em Psiquiatria, que exerceu durante vários anos.

Mobilizado para o serviço militar, em 1970, embarcou para Angola no ano seguinte e regressou a Lisboa em 1973, experiência que marcou a sua produção literária, iniciada no final dessa década.

Em 1979, publicou "Memória de Elefante" e "Os Cus de Judas", seguindo-se "Conhecimento do Inferno" (1980), livros "marcadamente biográficos, e muito ligados ao contexto da guerra colonial", recordou a sua editora.

O livro "As Crónicas", 37.º título do autor, sucede a "Diccionario da Linguagem das Flores", publicado em outubro do ano passado.

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