Com propostas de entrada livre e outras ao preço simbólico de cinco euros, aquele que é um dos certames de música erudita com mais antiguidade no país levará a diferentes salas do referido concelho do distrito de Aveiro uma programação que, continuando a abranger diferentes géneros artísticos, este ano aposta sobretudo no virtuosismo vocal.
O violinista e pedagogo Augusto Trindade é o diretor artístico do evento e, em declarações à agência Lusa, explica: "Depois de muitos anos com propostas sobretudo instrumentais, o foco desta edição é a Voz, que, além de ser um instrumento musical ímpar, tem um carisma emocional muito próprio e distintivo, o que considerámos particularmente oportuno para esta fase de recuperação em que toda a sociedade quer começar a deixar para trás os problemas relacionados com a pandemia".
Organizado desde 1977 pela associação cultural CiRAC e apoiado pela Câmara Municipal da Feira, pela Direção-Geral das Artes e por diversos patrocinadores privados, o FIMUV propõe-se "divulgar junto de profissionais, estudantes e comunidade em geral os melhores intérpretes da atualidade", assim como "estimular a evolução técnica e artística de jovens músicos ainda em formação, criar redes de colaboração internacional para itinerância e promover a fruição alargada e sustentável de conteúdos culturais de mérito confirmado".
Com esse objetivo em vista, Augusto Trindade realça que a 44.ª edição contará com a soprano alemã Mojca Erdmann, que atua a 24 de outubro no Grande Auditório do Europarque com a Orquestra Filarmónica Portuguesa.
"O espetáculo será dirigido pelo maestro Osvaldo Ferreira e dará a conhecer a sonoridade límpida dessa solista, que é brilhante tanto no estilo barroco como na música contemporânea", refere o responsável.
Também em destaque estará, no dia 23 de outubro, no Cineteatro António Lamoso, a voz da brasileira Badi Assad, guitarrista, precussionista e escritora de canções, que já tem 18 discos gravados por editoras como a Deutsche Grammophon e, segundo Augusto Trindade, foi incluída pela revista Rolling Stone na "lista dos 70 maiores mestres da história do violão e da guitarra brasileira".
Outros concertos anunciados para o 44.º FIMUV são o do duo de pianistas MusicOrba, composto pelo português Ricardo Vieira e pelo japonês Tomohiro Hatta, que, a partir de Paris, têm atuado por todo o mundo, e o recital pela violoncelista alemão Benedict Kloeckner e a pianista suíça Beatrice Berrut, "dois extraordinários intérpretes" de obras de Schumann, Brahms e Cesar Franck.
O cartaz integra ainda atuações pelos vencedores dos concursos internacionais de música Paços' Premium, Cidade do Fundão e Jovens Músicos 2020, assim como o espetáculo em que o coletivo Drumming - Grupo de Percussão, fundado por Miquel Bernat, aliará a sua percussão à eletrónica da dupla Joana Gama e Luís Fernandes.
Num registo algo distinto, o festival prevê igualmente o espetáculo "Iniciação" pelo Ballet Contemporâneo do Norte, o concerto com repertório de "Dez séculos de história", pelo Coro do CiRAC, a opereta em que Luís Rendas Pereira dirige "Rita", de Donizetti, a apresentação editorial de um manual de violino, por Tiago Afonso, e vários concertos inclusivos pela Academia de Líderes Ubuntu, em salas informais como escolas, espaços residenciais para portadores de deficiência e a ala pediátrica do Hospital São Sebastião.
A edição de 2021 do certame encerrará a 30 de outubro com a banda espanhola Rarefolk, que há 30 anos se vem baseando em "raízes musicais irlandesas" para as fundir com "sonoridades de diversos locais do mundo".
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