Morreu a artista plástica Lourdes Castro, fundadora do grupo 'KWY'

A artista plástica Lourdes Castro, uma das fundadoras do grupo artístico e da revista "KWY", em França, morreu hoje, no Funchal, aos 91 anos, disse à agência Lusa fonte próxima da família.

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Lusa
08/01/2022 14:12 ‧ 08/01/2022 por Lusa

Cultura

Óbito

A mesma fonte indicou à agência Lusa que Lourdes Castro morreu hoje de manhã no Hospital do Funchal, onde se encontrava internada há alguns dias.

Também o Governo Regional da Madeira confirmou a morte da artista à Lusa, e o secretário Regional do Turismo e Cultura da Madeira, Eduardo Jesus, lamentou o "momento triste para a cultura regional, nacional e internacional".

"Lourdes Castro foi uma artista que marcou internacionalmente, através da sua intervenção, materializada em técnica, em obra, em mensagem, no olhar diferente sobre a realidade", salientou.

Sublinhou ainda "a forma de representar esse entendimento [artístico], que era só dela, de uma forma muito singular, que marcou várias gerações".

Lourdes Castro "deixou, acima de tudo, uma ideia que se deve reter: que o artista tem uma liberdade que não se esgota".

"Esta é a maior mensagem que a artista nos deixa através dos seus trabalhos e da sua criação. É este conceito de liberdade associado à arte, que faz parte da cultura e a alimenta. Ela soube ser um agente artístico vivo durante muitos anos, que nos deu o privilégio de estar entre nós", vincou ainda o secretário Regional.

A artista madeirense foi galardoada com a Medalha de Mérito Cultural em 2020 pelo "contributo incontestável" para a cultura portuguesa.

Também foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em junho de 2021, com as insígnias de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, "como reconhecimento de uma vida e uma obra notáveis, com prestígio internacional, que enobrece Portugal".

Lourdes Castro nasceu a 09 de dezembro de 1930, no Funchal, ilha da Madeira, uma paisagem natural que deixou aos 20 anos para estudar em Lisboa, mas onde regressaria a partir de 1983 para viver em permanência, criando ali o seu refúgio.

A natureza era uma das suas grandes paixões, e com ela viveu uma estreita ligação que se projetou e entrelaçou profundamente no seu trabalho, nomeadamente na série "O grande herbário de sombras"/ "Le grand herbier d'ombres" (1972), reeditado em outubro de 2020 pela Sistema Solar/Documenta, com a Fundação EDP -- Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia.

Lourdes Castro iniciou estudos no Colégio Alemão, mas, aos 20 anos, partiu em direção a Lisboa onde frequentou o curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes (ESBAL), terminado em 1956.

Em 1958, foi-lhe atribuída uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, o que coincidiu e ajudou o início da revista, impressa à mão, em serigrafia, "KWY" (1958-1963), de título composto por três letras que não existiam, na época, no alfabeto português, em torno da qual se formou o grupo homónimo de artistas que incluía também Jan Voss, Christo Javacheff, Costa Pinheiro, Gonçalo Duarte, José Escada e João Vieira.

A "aventura" foi recordada pelo Centro Cultural de Belém, em 2001, com um catélogo e uma exposição, comissariada por Margarida Acciaiuoli.

A obra de Lourdes Castro foi celebrada por exposições de caráter antológico como "Além da Sombra", na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, em 1992, e "Lourdes de Castro e Manuel Zimbro: a Luz da Sombra", no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, em 2010, reunindo mais de cinco centenas de peças da sua obra e da produção conjunta com Manuel Zimbro (1940-2003), seu companheiro por mais de 30 anos.

Leia Também: Líderes católicos recordam em Lourdes 216 mil vítimas de abusos

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