António Reis é uma "inspiração" para toda a companhia, diz diretor do TEP

O diretor do Teatro Experimental do Porto (TEP) lamentou hoje a morte do ator e encenador António Reis, considerando-o "uma inspiração para toda a companhia" e uma pessoa que lhes fará "muita falta pela força e doçura".

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Lusa
05/04/2022 20:02 ‧ 05/04/2022 por Lusa

Cultura

António Reis

"Que descanse agora em paz, pois, infelizmente, já se encontrava doente há muito", disse Gonçalo Amorim, em declarações à agência Lusa, numa reação à morte de António Reis, hoje, aos 77 anos, no Porto, vítima de doença prolongada.

Sobre o ator e encenador que se estreou profissionalmente no TEP em 1970, cofundador da Seiva Trupe e do Festival Internacional de Teatro e Expressão Ibérica (FITEI), que dirigiu de 1989 a 2004, Gonçalo Amorim lembrou a firmeza de caráter e a confiança que o ator merecia junto de todos com quem trabalhou.

Lembrou, a propósito, que António Reis era quem "carregava a caixa do dinheiro" durante uma digressão do TEP à antiga Jugoslávia, com a peça "A Casa de Bernarda Alba".

"Só isso mostra a índole dele e a confiança que todos depositavam nele", frisou, acrescentando ainda que "os anos mais fortes da história do FITEI coincidiram com a direção de António Reis, entre 1989 e 2004".

O Teatro da Comuna, o ator Óscar Branco, o Teatro Nacional S. João, a atriz e dirigente do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e o Boavista Futebol Clube foram também alguns dos organismos e pessoas que reagiram à morte do ator nas redes sociais.

"O nosso querido Colega e Amigo António Reis deixou-nos. A Cultura Portuguesa ficou mais pobre. À Família, à Seiva Trupe, aqui ficam as nossas sinceras condolências", escreveu o Teatro da Comuna.

Mesmo sendo "uma notícia esperada, não deixa de doer", escreveu, por sua vez, Óscar Branco, acrescentando que "partiu uma das grandes referências do teatro no Porto", que era um "homem bom".

"Certamente que hoje haverá uma nova estrela a brilhar nos céus. Adeus amigo António, continuo a aplaudir e a recordar a tua carreira", concluiu Óscar Branco.

Já o Teatro Nacional S. João lamenta a morte do ator e encenador António Reis, lembrando que foi cofundador da Seiva Trupe e do FITEI, que dirigiu ao longo de 25 anos.

O TNSJ apresenta ainda os pêsames à família, amigos e colegas de António Reis.

Por seu turno, Catarina Martins lembrou que o ator e encenador dedicou "uma vida inteira" ao teatro e à cultura.

"Quando era mais difícil, garantiu que o Porto era também um palco do mundo", sublinhou Catarina Martins, aludindo à fundação da Seiva Trupe e do Fitei, e deixando um "obrigada" ao ator.

"O Boavista está de luto pelo falecimento de António Reis", observou, por seu turno, o Boavista Futebol Clube.

António Reis iniciou atividade nos anos de 1960 no Grupo dos Modestos, num espetáculo de Joseph Kesserling, e ingressou depois no TEP, em 1970, onde fez a estreia profissional e trabalhou durante dois anos.

Em 1973, juntamente com Júlio Cardoso e Estrela Novais -- também vindos do TEP -, António Reis cofundou a Seiva Trupe, onde foi ator, mas também encenador, cenógrafo, diretor de produção e diretor de cena, refere o Centro de Estudos de Teatro, da Universidade de Lisboa, na sua base de dados.

"Foram dezenas os êxitos, quer no palco, quer como corresponsável da emblemática estrutura teatral do Porto, sendo difícil distinguir, pelas suas qualidade e personalidade inconfundíveis, a escolha entre o famoso 'Um Cálice de Porto' ou, antes, em 'Perdidos numa Noite Suja' de Plínio Marcos, ou, depois em 'Macbeth' de Shakespeare ou 'Uma Visita Inoportuna" de Copi', escreveu o Seiva Trupe em nota de pesar.

A par do teatro, António Reis também fez cinema e televisão, tendo trabalhado, sobretudo, com Manoel de Oliveira, em filmes como "Vale Abraão" (1992) e "Singularidades de uma rapariga loira" (2008).

Ao longo da carreira, António Reis recebeu alguns prémios pelo labor no teatro português, nomeadamente a Medalha de Mérito Cultural da Câmara Municipal do Porto (1988), a comenda da Ordem do Infante (1995) e o prémio Lorca, pela Universidade de Granada em Espanha (1995).

Leia Também: António Reis. Santos Silva afirma que teatro português ficou mais pobre

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