São as personagens principais da peça 'Chovem amores na Rua do Matador', produzida pela Fundação Fernando Leite Couto, de Maputo, a partir de um conto escrito por Mia Couto e José Eduardo Agualusa.
Em palco vai estar um conflito que se vive atualmente no tecido social dos subúrbios moçambicanos, explicou o coencenador Vítor Gonçalves.
A peça "retrata uma rutura com práticas herdadas nas relações de género", mostra uma mudança em que as mulheres questionam as tradições machistas.
A história passa-se no sul de Moçambique, perto de uma cidade, onde Baltazar Fortuna tem três mulheres nas quais conta encontrar submissão, como todos os homens esperam, mas "o problema é que elas não estão de acordo e isso ele não previa".
Confrontado com a oposição, "ele quer matá-las, mas elas não querem morrer", descreve Vítor Gonçalves.
"Este conflito caracteriza o enredo do espetáculo", acrescenta.
"Há conflitos de cada personagem consigo própria e entre elas", explica Maria Clotilde, coencenadora.
"Discutem problemas existenciais, querem resolver problemas pessoais a partir do outro", durante uma hora e 20 minutos em palco e com humor quanto baste, característica subjacente aos textos de Mia Couto, seja qual for o género.
Trata-se de uma peça escrita para um público jovem, que constitui a maioria da população moçambicana.
Em Moçambique, "qualquer espetáculo que se faça, qualquer reflexão artística que se empreenda, tem uma obrigação que é falar para os jovens", referiu Vítor Gonçalves.
"Se não falar para os jovens, não está a falar para ninguém", porque mais de metade de Moçambique "tem menos de 20 anos, o que é uma coisa absolutamente extraordinária", sublinhou.
São jovens que "herdam as estruturas mentais" que se submetem ao machismo e que estão em questão na peça.
O espetáculo vai estar em palco de 30 de junho a 30 de julho, com 20 sessões, na maior digressão realizada por uma companhia moçambicana na Europa.
Além do espetáculo, realizar-se-ão também, em diversos locais, conversas entre o público e os autores do texto, Mia Couto e José Eduardo Agualusa.
A produção da Fundação Fernando Leite Couto com apoio da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) tem uma equipa 100% moçambicana e é interpretada por Angelina Chavango, Horácio Guiamba, Joana Mbalango, Josefina Massango e Violeta Mbilane.
Depois de Portugal, estão em preparação digressões pelo Brasil, Cabo Verde e Angola.
Datas:
30 de junho a 02 de julho, Cine-Teatro Louletano, Loulé.
05 a 07 de julho, Teatro Garcia Resende (companhia anfitriã: Cendrev - Centro Dramático de Évora), Évora.
08 e 09 de julho, Teatro Lethes (ACTA -- A Companhia de Teatro do Algarve), Faro.
11 e 12 de julho, Teatro Estúdio da Covilhã (Teatro das Beiras), Covilhã.
13 e 14 de julho, Teatro da Cerca de São Bernardo (Escola da Noite), Coimbra.
15 e 16 de julho, Município do Seixal.
17 de julho, Akassá produções, Setúbal.
19 e 20 de julho, Festival de Teatro de Serpa (Teatro Baal).
21 e 22 de julho, Sala Estúdio do Teatro da Rainha (Teatro da Rainha), Caldas da Rainha.
23 de julho, Centro de Artes da Figueira da Foz.
27 de julho, Teatro Viriato, Viseu.
28 a 30 de julho, Fórum Romeu Correia, Almada.
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