As cartas, atribuídas ao apóstolo São João, foram enviadas a várias comunidades da Ásia Menor, atual Turquia, e, segundo o biblista Mário Sousa, "mostram que nunca houve uma comunidade perfeita".
Para o padre Mário de Sousa, coordenador da Comissão da Tradução da Bíblia para a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), nestas cartas, verifica-se que "há uma grande dificuldade no confronto com o mundo e a cultura envolvente, num mundo helénico", acrescentando, citado pela agência Ecclesia, que as tensões levaram a "falta de comunhão e também de caridade", nas comunidades destinatárias destes textos.
"Há uma forte reação, nas cartas, contra os membros da comunidade que estão a deturpar a verdade do mistério de Jesus", acrescentou o padre da diocese do Algarve.
As Cartas de São João foram o 17.º livro da Bíblia a ter a sua nova tradução divulgada no âmbito deste projeto da CEP, que deverá estar concluído em 2024, depois de terem sido tornadas públicas as traduções das Primeira e Segunda Epístolas de São Paulo aos Coríntios, Livro de Isaías, Livro do Êxodo, Carta aos Gálatas, Quatro Evangelhos, Salmos e Primeiro, Segundo Livros de Samuel, Carta aos Efésios, Livro de Jeremias Carta aos Hebreus e Cântico dos Cânticos.
Com a divulgação dos textos -- ao ritmo de um por mês, alternando entre livros dos Antigo e Novo Testamentos - a Comissão de Tradução da Bíblia, pretende "envolver a comunidade no processo de tradução, acolhendo o contributo dos leitores no que, embora sem desvirtuar o seu sentido literal, considerem ser importante para a melhoria da compreensibilidade do texto, tendo em conta que este se destina a ser utilizado em todas as dimensões da vida da Igreja em Portugal, nomeadamente na liturgia".
O projeto foi lançado em 2012, pela Conferência Episcopal Portuguesa, tendo em conta a necessidade de fazer uma revisão das traduções dos textos bíblicos usados na liturgia e as contribuições para a melhoria do texto podem ser enviadas para o email biblia.cep@gmail.com.
O leitor "poderá não saber grego nem hebraico para opinar sobre a tradução em si, mas tem a sensibilidade para dizer, por exemplo, que determinada expressão não se entende e que será melhor procurar uma melhor forma de a traduzir", informa a Comissão.
O envolvimento do destinatário no processo de preparação desta edição é, assim, uma das inovações do projeto e os livros vão sendo disponibilizados em http://conferenciaepiscopal.pt/biblia.
A CEP abalançou-se neste projeto, com a meta de chegar a "uma nova tradução para uso oficial da Igreja Católica em Portugal e, futuramente, nos outros Países Lusófonos em que se segue a tradução portuguesa dos livros litúrgicos -- Angola, Cabo Verde, Guiné, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor", referia a introdução ao volume 'Os Quatro Evangelhos e os Salmos', editado em janeiro de 2019.
A tarefa envolve 34 biblistas da Associação Bíblica Portuguesa e de países de língua oficial portuguesa, nomeadamente Brasil, Angola e Moçambique.
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