O verão de 2022 tem sido marcado, culturalmente, pelo regresso dos grandes festivais de verão ao país. Depois de dois anos de pandemia, o EDP Vilar de Mouros está também ele de regresso, para três dias de nostalgia, oferecida pela música de grandes clássicos do rock internacional.
Diogo Marques, promotor do festival, contou ao Notícias ao Minuto que este é um certame para um público "mais M80", para pessoas que "conhecem as canções de todos os artistas que vêm, que cantam e dançam essas canções, músicas que fizeram a sua vida, e que as acompanharam ao longo destas várias décadas".
Este ano, esses artistas são nomes como os Suede, um dos 'big four' do britpop dos anos 90, os Placebo, que romperam com o mesmo estilo no Reino Unido, ou Iggy Pop, o ex-vocalista dos míticos The Stooges e lenda do 'rock n' roll'.
Nos nomes nacionais, saltam à vista The Legendary Tigerman (o mais reputado projeto de Paulo Furtado) e os 'the next big thing', Blind Zero.
Para o organizador do Vilar de Mouros - que passou por tantos interregnos e recomeços desde 1965 que ainda se debate o número da edição, embora Diogo Marques acredite que "vai na 18.ª ou 19.ª" -, o festival vive da "memória", seja a dos que conheceram a música quando eram jovens, seja os mais novos que montam a tenda pela primeira vez nos festivais de verão.
"Trabalhamos para que as pessoas saiam daqui com uma memória muito positiva dos bons tempos que viveram em Vilar de Mouros e que perdure, que tragam a família e que passem gerações e gerações aqui", disse, salientando o crescimento no número de pessoas que faz férias no Minho, em Caminha e, claro, na pequena freguesia.
Como todos as outras, também a organização do EDP Vilar de Mouros teve de sacudir qualquer ferrugem e voltar a fazer um evento que não se realizou durante dois anos, pelo menos na sua plenitude. O festival teve uma edição 'drive-in' em 2020, com música e cinema, e uma edição comemorativa em 2021 com uma plateia sentada. Diogo Marques salientou a preparação e a montagem, que começou muito mais cedo do que o costume, apesar "das dificuldades logísticas, principalmente a nível de mão-de-obra e de fornecedores", que ficaram "mais complicadas" com a crise.
"Conseguimos ter este planeamento de trabalhos, antecipando muito, facilitando também a vida aos nossos fornecedores, dando prazos mais alargados de montagens e encomendando os materiais com maior antecedência", afirmou.
Confiança no cartaz não demoveu
O cartaz, esse, sofreu alguns "dissabores": na reta final para o evento, os Limp Bizkit, aquele que era um dos nomes mais esperados, teve de cancelar. Seguiram-se os cancelamentos de Hoobastank e Wolfmother, uns por "problemas logísticos, outros por problemas de saúde". "No entanto, devido à relação que temos com os 'managers' a nível internacional e com os artistas, pelo trajeto que temos vindo a fazer, conseguimos em prazo recorde arranjar substitutos, que levam a que o cartaz esteja muito homogéneo".
Os Placebo também estiveram em dúvida, pelo menos, para os fãs que viram as notícias dos cancelamentos de concertos na Roménia e na Suíça. Mas a organização garante que a banda britânica vem ao Minho. "Até vêm ensaiar antes do concerto".
Mas ainda assim, depois do cancelamento dos Limp Bizkit, a organização deu a hipótese aos festivaleiros de pedir um reembolso do bilhete, já que muitos o adquiriram de propósito para ver a banda norte-americana. Poucos voltaram atrás na decisão.
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"A grande maioria continuou connosco, não pediu a devolução. O festival já tem o seu público, mesmo antes de nós anunciarmos artistas, já temos garantidos uns milhares de pessoas que adquirem o passe geral. Não se verificaram grandes devoluções, no entanto nós abrimos até dia 24 para as pessoas poderem devolver, até à véspera do festival. Mas até agora, os números são muito reduzidos porque continuamos a ter um cartaz com uma qualidade excelente, continuamos a oferecer tudo o que Caminha oferece em termos de recetividade e as pessoas que vêm passar férias, e cada vez mais estão connosco", garante o promotor.
Diogo Marques informou ainda que, apesar de não ter dados para confirmar com todas as certas, o número de vendas está "um pouco acima das vendas de 2019", ano em que um dos dias esgotou. É uma subida que se assemelha à experienciada por outros festivais, perante a ânsia do público português e internacional em voltar aos concertos - NOS Primavera Sound, Vodafone Paredes de Coura e NOS Alive, por exemplo, tiveram quase todos os dias e passes gerais esgotados.
O que é local, é bom
Também os concelhos ansiavam pelo regresso dos festivais de verão - vilas e localidades como Paredes de Coura e Cem Soldos (onde se realiza o Bons Sons) beneficiam imenso com o impacto de dezenas de milhares de pessoas alojadas nas suas terras, e Vilar de Mouros, no concelho de Caminha, não difere das outras.
Segundo Diogo Marques, a edição deste ano despertou um forte impacto na hotelaria, não só do concelho de Caminha, mas em vários outros concelhos do Alto Minho, nomeadamente Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira.
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Para lidar com esta realidade, o EDP Vilar de Mouros conta, defendeu a organização, com uma equipa que conhece bem a realidade do evento.
"A nossa sede é em Caminha. As pessoas que fazem o festival são maioritariamente de Caminha. O festival é feito por uma empresa local, com staff local, que está cá todos os dias, durante 365 anos. A relação com os meios locais é incrível, a recetividade das pessoas é muito boa, toda a gente viveu e cresceu à volta do mítico festival", afirmou Diogo Marques.
Além disso, os próprios residentes não se importam com o barulho e a confusão que surgem no final de agosto, abraçando os festivaleiros.
As interações entre residentes e público são também cada vez mais internacionais, já que "30% do público é estrangeiro", viajando principalmente de Espanha e Inglaterra.
"Não se incomodam por isso, ficam felizes por ver cada vez mais pessoas a aparecer em Vilar de Mouros. Sentem-se bem com o festival porque sentem que fazem parte dele", reiterou.
O EDP Vilar de Mouros realiza-se entre quinta-feira e sábado, nos dias 25, 26 e 27 de agosto. Com o cartaz fechado, são estes os horários da edição de 2022:
25 de agosto
19h00 - The Black Teddys
20h10 - Battles
21h30 - Gary Numan
23h10 - Placebo
01h00 - Suede
26 de agosto
19h15 - Non Talkers
20h30 - Clawfinger
22h00 - Black Rebel Motorcycle Club
23h30 - Simple Minds
01h30 - Tara Perdida
27 de agosto
19h20 - The Mirandas
20h30 - Blind Zero
22h00 - The Legendary Tigerman
23h30 - Iggy Pop
01h15 - Bauhaus
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