Sob o tema "The Milk of Dreams" ("O Leite dos Sonhos", em tradução livre), o certame dedicado à arte contemporânea abriu ao público em 23 de abril e encerra hoje, "registando um recorde de visitas".
"Com um total de mais de 800 mil bilhetes vendidos -- mais as 22.498 pessoas que marcaram presença na antevisão -- o número de visitantes registou um aumento de 35% nos 197 dias de exposição, em comparação com os 173 dias da edição de 2019 [ano pré-pandemia]", refere a organização em comunicado.
A organização destaca tratar-se "do maior número de visitantes nos 127 anos de história da Bienal de Arte".
Nesta edição, a maioria dos visitantes, 59%, são estrangeiros, e os restantes, 41%, italianos. Cerca de um terço do total de visitantes, 239.276, são jovens.
A 59.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza contou com 80 representações nacionais, além da exposição geral da bienal, sob o título "The Milk of Dreams" e com curadoria de Cecilia Alemani, que inclui um total de 1.400 obras de 213 artistas convidados - 180 dos quais a participar pela primeira vez -, provenientes de 58 países, e 80 projetos inéditos.
A representação de Portugal foi criada pelo artista Pedro Neves Marques e consiste no projeto "Vampires in Space", com curadoria de João Mourão e Luís Silva, em exposição no Palácio Franchetti, edifício nas margens do Grande Canal de Veneza que acolhe o Pavilhão de Portugal.
Assumindo a forma de exposição narrativa, o projeto expositivo, que através de um filme, de poesia e de uma cenografia imersiva, transforma o segundo piso do palácio numa nave espacial habitada por vampiros, que, "na sua longa viagem pelo espaço, vão confrontar os visitantes com questões-chave do nosso tempo", nomeadamente os processos identitários, a sexualidade e reprodução 'queer', a ecologia, o 'transumanismo' e a biopolítica, segundo a sinopse.
Este trabalho foi criado por Pedro Neves Marques em resposta ao tema da edição deste ano da Bienal, lançado pela curadora-geral Cecilia Alemani, que aborda o mundo repensado através da imaginação, a mudança, a transformação, as simbioses entre todos os seres vivos e a natureza, bem como as suas metamorfoses.
Além de Pedro Neves Marques, outros artistas portugueses têm o seu trabalho apresentado no contexto do certame, como a pintora Paula Rego, o artista plástico Pedro Cabrita Reis, e as artistas Diana Policarpo e Mónica de Miranda.
Nesta edição, o pavilhão do Reino Unido foi distinguido com o Leão de Ouro para a melhor participação nacional, recebido pela artista britânica Sonia Boyce. Foram atribuídas ainda menções especiais aos pavilhões nacionais de França e do Uganda.
A melhor participação na exposição principal foi ganha pela escultora norte-americana Simone Leigh, enquanto o artista Ali Cherri (Líbano) levou o Leão de Prata para jovem participante. Houve ainda menções especiais para as artistas Shuvinai Ashoona (Canadá) e Lynn Hershman Leeson (Estados Unidos da América).
A Bienal de Arte de Veneza homenageou as artistas Katharina Fritsch (Alemanha) e Cecília Vicuña (Chile) com o Leão de Ouro pelas suas carreiras.
Esta bienal de arte acontece após o ultrapassar de dificuldades de organização num quadro de pandemia, e em contexto de tensão devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.
A Ucrânia tem o seu pavilhão nacional e uma praça com uma instalação para acolher manifestações de apoio e de solidariedade dos artistas e do público, enquanto os artistas e curadores do Pavilhão da Rússia desistiram de participar como forma de protesto contra a guerra.
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