Este ano a AIEP homenageia igualmente a jornalista australiana Jill Jolliffe, antiga correspondente australiana em Lisboa, que morreu no passado dia 02 de dezembro, aos 77 anos, em Melbourne, tendo presidido a AIEP "durante várias vezes" nos anos de 1990, "deixando uma lembrança inesquecível" naqueles que com ela trabalharam.
A AIEP lembra a coragem e dedicação de Jill Jolliffe, "a combater a injustiça e a buscar a verdade", num depoimento que acompanha o anúncio da Personalidade do Ano. Jolliffe "trabalhou incansavelmente durante décadas para apoiar o povo de Timor-Leste e sua luta pela independência, além de investigar e escrever também sobre opressão e abusos de direitos humanos em vários outros países", sublinha a AIEP.
Sobre Marcelino Sambé, de 28 anos, a AIEP destaca "o seu percurso artístico ímpar" e "o caminho percorrido como português de raízes africanas, dos chamados 'bairros sociais' ao maior palco de dança da Europa", como se lê no comunicado da associação, que destaca o lugar cimeiro do vencedor da 33.ª edição do prémio, "numa das maiores e mais prestigiadas companhias de bailado do mundo".
Marcelino Sambé entrou para a Royal Ballet em 2012. Foi promovido a primeiro artista da companhia, em 2014, a solista, em 2015, a primeiro solista, em 2017 e, dois anos mais tarde, em 2019, a bailarino principal.
Filho de mãe guineense e pai português, começou os seus estudos de dança na Escola Artística de Dança do Conservatório Nacional de Lisboa, em 2004, e quatro anos depois ganhou a medalha de prata no Moscow International Ballet Competition, no Teatro Bolshoi.
Seguiram-se, entre outras distinções, o primeiro prémio no Youth American Grand Prix, em Nova Iorque, em 2009, e a medalha de ouro e prémio especial na USA International Ballet Competition, no Mississipi, Estados Unidos.
Marcelino Sambé competiu em 2010 no Prix de Lausanne, onde lhe foi oferecida uma bolsa para a Royal Ballet School, em Londres.
O bailarino tem sido reconhecido com outros prémios, como o do Círculo dos Críticos de Londres, na categoria de Melhor Bailarino de 2019, e Melhor Performance Clássica Masculina, pela sua interpretação como Cello em "The Cellist", em 2020, e Colas em "La Fille Mal Gardeé", em 2017.
Em 2022, foi condecorado com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
"Marcelino Sambé tem sido motivo de orgulho para Portugal desde que alçou voo para a profissionalização em Londres. Tem uma carreira brilhante e, este ano, pudemos acompanhar ainda mais atentamente as suas conquistas", explicou a presidente da AIEP, Caroline Ribeiro, citada no comunicado da associação.
O bailarino encontra-se de momento em Lisboa, a protagonizar o clássico "Giselle", de Adolph Adam, como artista convidado da Companhia Nacional de Bailado, na versão coreográfica de Georges Garcia, que tem sábado à noite a derradeira apresentação no Teatro Nacional de São Carlos.
Sambé é acompanhado por Anna Rose O'Sullivan, igualmente bailarina principal da Royal Ballet.
O prémio Personalidade do Ano/Martha de la Cal é atribuído desde 1990, pelos cerca de 50 jornalistas estrangeiros acreditados em Portugal, inscritos na Associação.
Em 2012 o prémio tomou o nome da jornalista norte-americana Martha De La Cal (1927-2011), correspondente em Portugal da revista Time durante mais de 40 anos e uma das fundadoras da AIEP.
Em edições anteriores, o prémio foi entregue a personalidades como a pianista Maria João Pires, o escritor José Saramago, a fadista Mariza, os Capitães de Abril, o antigo Presidente Mário Soares, o futebolista Cristiano Ronaldo e o atual secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
No ano passado, o prémio foi atribuído ao vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, antigo coordenador da 'task force' de vacinação contra a Covid-19.
[Notícia atualizada às 11h50]
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