'Great Yarmouth - Provisional Figures', produzido pela Uma Pedra no Sapato, é o filme que resulta de cinco anos de trabalho de campo de Marco Martins, com atores e não atores, na comunidade de Great Yarmouth, uma vila da Costa Este de Inglaterra, para onde dezenas de portugueses emigraram em busca de trabalho em fábricas de processamento alimentar.
"O que existe dentro do filme é uma recriação a partir de relatos. É um produto da minha observação, da minha imaginação e dos relatos", explicou Marco Martins à agência Lusa, em setembro passado, quando o filme se estreou no festival de cinema de San Sebastian, em Espanha.
A longa-metragem é um objeto artístico distinto da peça de teatro que Marco Martins encenou, com a participação daquela comunidade da vila britânica e com a mesma temática, já estreada em palco tanto no Reino Unido como em Portugal, em 2018.
O filme centra-se em Tânia (a atriz Beatriz Batarda), uma portuguesa que serve de intermediária para contratar emigrantes portugueses, para um matadouro de perus, e para os instalar em habitações precárias e sem condições, enquanto sonha em mudar de vida e dedicar-se ao turismo para idosos.
"Great Yarmouth - Provisional Figures" conta ainda com desempenhos de Rita Cabaço, Nuno Lopes, Romeu Runa, Kris Hitchen e Peter Caulfield, entre outros.
Marco Martins trabalha em cinema, audiovisual, publicidade, teatro, sendo autor de filmes como as ficções "Alice" (2005) e "Como desenhar um círculo perfeito" (2009), os documentários "Jorge Salavisa -- Keep Going" (2011) e "Um corpo que dança -- Ballet Gulbenkian 1965-2005" (2022) e a série televisiva "Sara" (2018).
Diretor artístico do projeto Arena Ensemble, que cofundou em 2007, Marco Martins já encenou, por exemplo, a peça "Baralha", baseada em textos de William Shakespeare e desenvolvida com a comunidade cigana, e "Estaleiros", a partir de textos de Samuel Beckett, com a participação de trabalhadores dos estaleiros de Viana do Castelo.
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