Carlos Saura, realizador de filmes considerados míticos do cinema espanhol como 'A Caça' (1965), 'A prima Angélica' (1973) e 'Ai, Carmela' (1990) ou dos documentários 'Flamenco', 'Tango' e 'Fados', dedicados à música, receberia no sábado o Goya de Honra, o prémio de carreira atribuído pela academia espanhola de cinema.
Quando o prémio foi anunciado, a academia destacou a "extensa e pessoalíssima contribuição criativa" de Carlos Saura "para a história do cinema espanhol desde finais dos anos 50 até à atualidade" e destacou como, com mais de 90 anos, continuava "ativo, em plena criatividade e a olhar para o futuro".
Além de cineasta, Carlos Saura, nascido em Huesca, na região de Aragão, no nordeste de Espanha, em 1932, foi também escritor e fotógrafo.
Saura realizou mais de 50 filmes ao longo da vida e parte da sua carreira foi feita durante a ditadura espanhola do general Francisco Franco, que terminou em 1975.
Os filmes que realizou nessa época ficaram marcados pela forma como contornou a censura, recorrendo a símbolos e alegorias para abordar temas como a Guerra Civil espanhola (1936-1939) e a repressão franquista.
Com a instauração da democracia em Espanha, começou a abordar na sua obra as relações entre a música e a imagem e inaugurou com 'Bodas de sangue', de 1981, a sua série de musicais, entre os quais estão 'Sevilhanas' (1991), 'Flamenco' (1994), 'Tango' (1997), 'Fados' (2007) ou 'Io, Don Giovanni' (2009), entre outros.
'Fados' contou com supervisão musical de Carlos do Carmo e congregou "o melhor dos novos talentos portugueses, como Mariza ou Camané, [recordou] Amália Rodrigues, lendas internacionais como Caetano Veloso e Chico Buarque, e outros intérpretes como Lila Downs e Lura", como se pode ler na página da RTP dedicada ao filme.
A sua última produção foi a curta-metragem 'Francisco de Goya, os fuzilamentos de 3 de maio', de 2021, em que recria um quadro do pintor espanhol.
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