"É um romance, mas eu espero que essa ficção se rompa e se converta em realidade, porque é possível", disse o autor à Agência Lusa.
Popularmente conhecido pelo pseudónimo de Dom-Godo-Rei, o escritor explicou que o livro "Renascer" expõe "a ideia de que as remessas dos emigrantes poderiam ser dirigidas para fomentar a grande indústria, todas as indústrias de Portugal", em vez de serem investidas no capital financeiro.
Domingo Gomes dos Reis explicou que "domina muito bem" as ciências financeiras e o financiamento de empresas, assunto que aborda na obra, usando a "experiência de mais de 50 anos de carreira".
"Se essa obra (Renascer) for bem promovida, pode ser como um livro para estudantes de economia e de ciências administrativas de qualquer universidade portuguesa ou da Venezuela", frisou.
Natural da Beira Litoral, Domingos Gomes dos Reis decidiu homenagear a Covilhã, "o berço dos lanifícios em Portugal, a terra que glorificou a revolução industrial portuguesa do século XIX".
Hoje, "90% da sua economia gira ao redor da emigração, sobretudo para França. Aí, nos meses de julho e agosto fala-se apenas francês", sublinhou.
Por isso, decidiu "escrever algo" sobre esse paradoxo, "uma ficção do renascer das indústrias dos lanifícios, dos azulejos, da cerâmica portuguesa e muito, muitas outras" e também sobre "as indústrias da Madeira e dos Açores. A indústria açucareira que na sua época foi uma das mais frutíferas de Portugal".
"Escrevi originalmente em castelhano porque domino muito melhor o espanhol que o português", disse o autor, de 85 anos, que chegou à Venezuela com 12 anos.
Domingo Gomes dos Reis explicou ainda que o romance decorre em Portugal continental, na Madeira, Açores, Brasil e na Venezuela, e que a sua ideia "é não cobrar um centavo pelos direitos de autor, da primeira edição".
"Já escrevi 10 livros, dois ensaios, seis romances, e dois de poesia em português, o primeiro 'Prosas e Rimas: Alegoria Poética de um novo Navegante Português' que descreve a origem do nome do estado de Portuguesa na Venezuela", disse.
Esse livro, disse, tem ainda um conto sobre as estátuas de Lisboa e um diálogo entre Afonso Henriques e Simón Bolívar, que se encontram com Fernando Pessoa no Castelo de São Jorge.
"Aí, assim como Simón Bolívar tem mágoas do que está acontecendo na Venezuela, também Afonso Henrique tem mágoas do que está acontecendo em Portugal", frisou.
Domingo Gomes dos Reis escreveu o seu primeiro livro "há mais de 45 anos", em castelhano e depois traduzido a português e editado em Portugal com o nome "O apocalipse dos povos: corrupção, populismo, miséria e a emigração".
Escreveu ainda os romances "A Saga do Emigrante", "Delírio de uma paixão profana", "Caribalia: Terra de 'caciques', miséria, amor e sangue", "a tragédia da Bila Berthier", "Carne, Poder e Sangue: A paixão dos Borgia" e o ensaio "O Credo e a razão".
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