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Animação é "forma de arte madura, expressiva e complexa", diz Del Toro

O realizador Guillermo Del Toro, que venceu esta madrugada o Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação com "Pinóquio de Guillermo Del Toro", disse que o filme é uma afirmação da animação como arte e dos animadores como artistas. 

Animação é "forma de arte madura, expressiva e complexa", diz Del Toro
Notícias ao Minuto

02:50 - 13/03/23 por Lusa

Cultura Del Toro

"Esta é uma forma de arte que tem sido mantida comercial e industrialmente na mesa das crianças por demasiado tempo", disse Guillermo Del Toro nos bastidores dos Óscares, após vencer a estatueta. "É na verdade uma forma de arte madura, expressiva, bonita e complexa", afirmou o realizador, que estava extático com a vitória. 

Usando a técnica 'stop motion' e não 'live action', o filme da Netflix afirmou-se com uma história que diverge do conto infantil escrito por Carlo Collodi e das várias adaptações que se seguiram. 

Del Toro disse, na sala de entrevistas, que o Óscar é um triunfo desta técnica, que considerou ser "uma das formas mais democráticas de animação". 

"Era muito importante para mim ter a oportunidade de dizer que a realização, escrita, direção de arte e design de produção, tudo o que fazemos na animação é análogo, tão ou mais complexo que 'live action'", referiu o cineasta. 

Del Toro, que fez várias piadas e deu algumas respostas em espanhol na sala de entrevistas, também disse ser importante que a animação tenha sido feita por pessoas "a quem foi prometido serem tratadas como artistas e não como técnicos". 

Sobre o impacto da história em si, o cineasta mexicano disse que o filme tem vários aspetos reversos e significativos. "Um dos mais importantes é que não é uma criança a aprender a ser um menino de verdade, mas um pai a aprender um pai de verdade", disse. "É uma lição urgente no mundo". 

O realizador acrescentou que o filme também mostra uma urgência de desobedecer. "Estamos a dizer que a desobediência não é apenas necessária, é uma virtude urgente no mundo". 

É "um pai imperfeito e um filho imperfeito", descreveu, que representam a forma como podemos amar-nos uns aos outros com "os nossos falhanços, defeitos e a nossa humanidade". 

Mark Gustafson, co-realizador da longa-metragem, acrescentou que este "é um filme sobre tristeza e também sobre esperança". 

Del Toro abordou ainda a relevância da sua vitória como cineasta mexicano e o que isso significa em termos de diversidade. 

"A arena onde a América Latina pode competir com todo o mundo é na criatividade", afirmou, considerando quando se faz algo enquanto parte de uma minoria carrega-se uma legião de gente que vem atrás.

Del Toro referiu que, quando começou a sua arte, as coisas eram muito diferentes e havia "racismo e um teto de vidro". As coisas "estão melhor" mas o cineasta considerou que as coisas não mudam nem terminam com uma geração.

Na outra categoria de animação, Melhor Curta-Metragem, o Óscar foi para "The Boy, the Mole, the Fox and the Horse", que teve J.J. Abrams como um dos produtores e a Apple TV+ a distribuir, batendo o filme português de João Gonzalez e Bruno Caetano, "Ice Merchants". 

A 95.ª cerimónia dos prémios da Academia decorreu no Dolby Theatre, em Los Angeles. 

Leia Também: Óscares? Marcelo enaltece representação do "cinema de animação português"

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