Com curadoria de Pablo Allepuz, Manuel Borja-Villel, iLiana Fokianaki, Rafael García e Teresa Velázquez, a exposição aborda a ideia de Deleuze e Guattari de que a máquina, "longe das suas conotações instrumentais e alienantes, constitui um núcleo de infinito potencial humano e de relações não-humanas, onde uma multitude de ligações entre tecnologias, conhecimento e práticas são postas em prática".
"De acordo com esta estrutura teórica, a exposição aborda formas de resistência, coligação e criatividade que materializam no presente, através de 50 artistas, a maioria dos quais advém do Mediterrâneo e do continente africano, e reflete sobre as circunstâncias históricas e atuais destes territórios", referiu o museu, em comunicado.
A exposição abre com dois espaços "em que vários trabalhos que de algum modo evocam imaginários mecânicos são colocados em diálogo", como "Tropical Space Proyectos", de Simón Vega, e "Rádio Voz da Liberdade", de Ângela Ferreira.
A obra da artista portuguesa "resgata uma história esquecida de solidariedade entre a população argelina recém-independente de França e a portuguesa, sujeita ao regime de Oliveira Salazar", lembra o museu.
"Desde 1962, a [Radiotelevisão] argelina colaborou com a rádio clandestina portuguesa para disseminar mensagens que levaram à Revolução dos Cravos em 1974. Este é um exemplo de apoio às lutas de libertação europeia a partir de África, e não em sentido contrário", acrescenta o mesmo texto.
No 'site' da artista nascida em Moçambique pode ler-se que estas "rádios irmãs são representadas por duas esculturas baseadas nas ilustrações de selos dos anos 1960 e os grandes murais baseados em material de arquivo, incluindo fotografias, traçam a história destes 'media' revolucionários".
A exposição "Maquinações" fica patente no museu da capital espanhola até 28 de agosto e inclui ainda obras de artistas como Georges Adéagbo, Efrén Álvarez, Ismaïl Bahri, Sammy Baloji, Jean-Pierre Bekolo, Ahmed Bouanani, Touda Bouanani, Rojava Film Commune, Cian Dayrit, Test Department, Dora García, Florencia Rodríguez Giles, Heiner Goebbels, Patricia Gómez e María Jesús González, Huanchaco (Fernando Gutiérrez), Femke Herregraven, entre outros.
Nascida em 1958, Ângela Ferreira concluiu os estudos de artes plásticas na África do Sul e o grau de mestre na Michaelis School of Fine Art, Universidade da Cidade do Cabo. Atualmente vive e trabalha em Lisboa, leciona na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, onde obteve o doutoramento, em 2016.
Com o seu trabalho, que se desenvolve sobretudo em torno do impacto do colonialismo e pós-colonialismo na sociedade contemporânea, representou Portugal na 52.ª Bienal de Veneza em 2007.
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