'Augure', que traça a história de quatro personagens considerados feiticeiros, é assinado por Baloji -- 'rapper', poeta, estilista, cineasta - nascido há 44 anos no antigo Zaire, agora República Democrática do Congo (RDCongo), mas a viver na Bélgica desde a infância.
Antes do seu lançamento nos cinemas ou festivais, o filme, na maioria rodado na RDCongo, é apresentado em Kinshasa, onde estão agendadas três sessões até sábado à noite.
Os seus produtores e realizador deram hoje uma conferência de imprensa onde assinalaram esperar que o prémio ganho em Cannes dê visibilidade ao cinema do país.
"Estamos a lutar há alguns anos para tentar criar uma indústria cinematográfica aqui no Congo", disse Emmanuel Lupia, coprodutor juntamente com Baloji e o produtor belga Benoît Roland.
O Governo da RDCongo, cuja delegação percorreu o famoso tapete vermelho do festival com a equipa de filmagem, prometeu dar apoio.
Entre as razões para o declínio do cinema no país africano com uma história turbulenta, os produtores citaram a falta de liberdade sob a liderança de Mobutu Sese Seko (1965-1997).
Os produtores belgas e congoleses apelaram à "estruturação da indústria audiovisual e cinematográfica".
A equipa relatou dificuldades, por exemplo, para obter vistos para a equipa belga, para importar e reexportar equipamento, para viajar para a RDCongo e quando uma permissão para filmar numa mina foi retirada no último minuto.
Por causa deste tipo de obstáculos, "muitos filmes cujas histórias se passam no Congo não são rodados aqui", lamentou Emmanuel Lupia, embora, referiu Benoît Roland, "haja uma quantidade absolutamente insana de cenários e técnicos capazes".
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