Numa reação à morte do escritor nascido em Brno, na antiga Checoslováquia, em 1929, José Manuel Mendes destacou a obra "assumidamente ligada à cultura francesa" de Kundera, considerando que "deixa momentos de particular relevância".
"A insustentável leveza do ser" é "uma das grandes obras da segunda metade do século XX", observou o também presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE).
José Manuel Mendes, que falou à agência Lusa em nome pessoal, acrescentou que a obra do autor de "A valsa do adeus" e de "O livro dos amores risíveis" é "muito marcada por conflitos existentes na sua pátria de origem" com o cruzamento "pela busca de destinos do homem pelo amor e por lugares não encontráveis".
Autor de uma "expressão admirável e universalmente conhecido", Milan Kundera foi autor de "outras obras maiores", entre as quais "O livro do riso e do esquecimento", acrescentou.
A escrita de Kundera "interseta com outros domínios, como a pintura e a música e está de forma muito presente e vincada nas obras que deixou", disse José Manuel Mendes.
Milan Kundera é um autor "cujo pensamento muitas vezes está próximo da filosofia, do questionamento da retórica do que é expectável", conclui o escritor português.
Nascido em Brno, em 01 de abril de 1929, na atual República Checa, Milan Kundera emigrou para França em 1975 depois de ser ostracizado por criticar a invasão soviética da Checoslováquia em 1968 e dois anos depois adotou a nacionalidade francesa.
Autor de uma vasta obra, que abrange o romance, o ensaio e a poesia, Kundera é considerado um dos mais importantes escritores do século XX e "A insustentável leveza do ser" é a sua obra mais aclamada pelos leitores e pela crítica.
O escritor morreu em Paris na terça-feira, aos 94 anos, após doença prolongada, anunciou hoje a sua editora em França, a Gallimard.
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