Desorganização e caos… mas felicidade. Como foi a 'guerra' dos swifties?

Falta cerca de um ano, mas a 'guerra' começou na quarta-feira, ao meio-dia. O Notícias ao Minuto conversou com vários fãs da cantora Taylor Swift que, apesar da felicidade por terem conseguido bilhete, não deixaram de expressar o seu descontentamento com certos aspetos do processo de compra. Outros, por seu turno, saíram só 'derrotados'.

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© Taylor Hill/TAS23/Getty Images for TAS Rights Management

Daniela Filipe
13/07/2023 23:26 ‧ 13/07/2023 por Daniela Filipe

Cultura

Taylor Swift

Horas antes do meio-dia, muitos eram os fãs que encaravam o infame ecrã azul que os separava da compra de bilhetes para a estreia de Taylor Swift em Portugal. Munidos com pouca informação, uma vez que tanto a planta do concerto, como os preços seriam apenas divulgados no início da venda oficial, a ‘Great War’ durou, para muitos, várias horas. Se uns saíram 'derrotados', outros conseguiram aquilo que mais desejavam, apesar dos problemas técnicos.

Raquel não foi um desses ‘sortudos’. Uma vez que o preço dos bilhetes era elevado, indo dos 62,50 aos 539 euros, a jovem pretendia ‘agarrar’ uma das entradas mais baratas. Segundo contou ao Notícias ao Minuto, o processo foi "desorganizado", já que a "página azul não dava informação nenhuma".

"Quando consegui finalmente aceder e colocar o código, fui alertada de erros de que os bilhetes que selecionei não estavam disponíveis, a página foi abaixo, e voltei para a fila. Tentei comprar os mais baratos e aparecia sempre uma mensagem de erro. Mais tarde, outras pessoas conseguiram esses bilhetes. Afinal, estavam disponíveis, mas não consegui comprar nem um", lamentou.

A jovem considerou, além disso, que a publicação da planta do concerto só depois de a maioria dos bilhetes terem esgotado "não se admite", sentimento que foi partilhado por vários outros 'swifties'.

No outro espectro, Marta e Sandra conseguiram comprar quatro bilhetes em apenas 20 minutos. Mas, à semelhança de Raquel, também Marta considerou que a falta de um mapa mostrou "desorganização", tendo sido obrigada a recorrer a um esquema 3D do Estádio da Luz para perceber que bilhetes estava a comprar.

"A escolha dos lugares foi uma experiência péssima, e não dizerem os preços de antemão também", complementou Sandra. No entanto, comparativamente à compra de entradas para os Coldplay, as amigas foram taxativas: esta experiência foi mais positiva e estão felizes.

Lorena foi uma das fãs que, na primeira fase do processo, não foi ‘brindada’ com um código de acesso à venda oficial. Ainda assim, tentou ajudar amigos que, tal como ela, estavam ‘na corrida’. A jovem também foi alvo de diversos erros na página da bilheteira, voltando "ao início várias vezes".

"No fim, perdi o lugar que queria, no dia 25. Mas, por sorte, compraram-me bilhete para o dia 24", confessou, em conversa com o Notícias ao Minuto.

Sem informações sobre mobilidade reduzida

Raquel também não conseguiu um código de acesso. Ao invés, e à semelhança de Lorena, tentou que amigos lhe comprassem um bilhete de mobilidade reduzida. Na ‘hora H’, a "lista imensa de secções de lugares" não apresentava qualquer informação sobre os bilhetes para mobilidade reduzida. Contudo, segundo dados fornecidos pela See Tickets, "a compra era feita online como a dos outros e haveriam bilhetes específicos para mobilidade reduzida". A notícia chegou "uma hora depois de a bilheteira abrir": através do Twitter, avisaram que a aquisição destas entradas seria feita exclusivamente por e-mail.

"Não só é inadmissível avisarem depois da venda de bilhetes ter sido iniciada, como diferenciarem a forma de aquisição entre pessoas sem deficiência e pessoas com deficiência. O mais grave são os preços. As pessoas sem deficiência tiveram imensas opções de escolha – umas oito opções, fora os bilhetes VIP”, denunciou, tendo mostrado ao Notícias ao Minuto que o único preço disponível para mobilidade reduzida era 147,50 euros.

Além disso, se as pessoas sem deficiência puderam comprar até quatro bilhetes, o mesmo não foi aplicado no caso das pessoas com mobilidade reduzida, que apenas puderam adquirir dois bilhetes – o próprio e o de um acompanhante.

"Se quisesse comprar o bilhete de 55,50 euros, não podia, porque o local não é acessível. Uma pessoa que, como eu, precisa de ajuda de uma segunda pessoa (assistente pessoal), tem de obrigatoriamente pagar a dobrar (são vários os concertos e festivais que oferecem o bilhete de acompanhante)", explicou.

Assim, Raquel assegurou que fará uma reclamação por escrito junto da See Tickets e apresentará queixa por discriminação junto da Provedoria de Justiça.

"Experiência cansativa, desesperante e muito stressante"

Beatriz, por seu turno, foi mais um ‘caso de sucesso’. Através da rede social Twitter viu, pelas 10h00, que já se acumulavam fãs no link enviado no dia anterior pela See Tickets. Decidiu juntar-se à ‘fila’ e conseguiu passar a monocromática página azul ao fim de 1h20, garantindo que "correu tudo muito bem".

"Ao contrário do que aconteceu com os Coldplay, ou na Ticketline com Harry Styles, desta vez foi tudo muito bem feito e o processo foi muito rápido", acrescentou.

Margarida teve uma experiência drasticamente diferente. Num grupo de sete, apenas três conseguiram código. Todavia, as amigas sentiam-se "confortáveis" de que conseguiriam comprar bilhetes para todas. O cenário mudou quando, com o toque do meio-dia, foi necessário atualizar o link, o que colocou a jovem na temida página azul. E aí permaneceu "até perto das 14h00", apesar de ter tentado aceder ao site através de outros servidores, e até mesmo do telemóvel.

Ainda que não quisesse usar o computador do trabalho para este propósito, decidiu tentar "por descargo de consciência". Ao fim de três atualizações, conseguiu – a esperança tinha voltado. Mas, no final, foi informada de que os bilhetes que tinha selecionado não estavam disponíveis, acabando por ser ‘mandada’ para a página de espera. O processo repetiu-se por outras três vezes, até já perto das 16h00.

"Foi uma experiência cansativa, desesperante e muito stressante. Ter código não garantia link, mas parece-me muito surreal que apenas tenha sido possível entrar mais de duas horas depois. Pior ainda é aparecerem bilhetes e estes, na verdade, não estarem disponíveis", disse, considerando também que "a empresa responsável pela venda não estava realmente organizada", uma vez que "o mapa correto do estádio só ficou disponível por volta das 17h00".

"O que achei realmente muito estranho foi não existir uma verdadeira fila de espera; não havia a mínima noção se estávamos perto ou não de entrar. Nunca pensei que, existindo duas datas, fosse tão complicado e impossível para muitos conseguir comprar bilhete. Não estava de todo mentalizada para tal", salientou, revelando que, de sete amigas, só quatro conseguiram bilhete, "quando dava perfeitamente para todas".

Esta quinta-feira, a See Tickets anunciou, através das redes sociais, que mais códigos foram enviados. Detalhou, além disso, que ainda não existe "informação sobre a revenda oficial de bilhetes", mas que esta "estará disponível no centro de suporte e redes sociais brevemente".

Antes, a bilheteira revelou ter anulado alguns bilhetes devido à venda especulativa, assegurando estar "a trabalhar junto com as autoridades competentes para esse efeito".

Taylor Swift estreia-se em Portugal nos dias 24 e 25 de maio de 2024, no Estádio da Luz, fazendo-se acompanhar pela banda Paramore. De acordo com a See Tickets, as portas abrem às 16h00 e o espetáculo, que terá uma duração de cerca de três horas, tem início pelas 18h00.

Além das 44 canções dos 10 álbuns lançados pela norte-americana, a artista costuma, também, incluir um outro tema, normalmente em acústico. Além disso, já se fez acompanhar de convidados especiais com os quais tem canções em comum, entre eles Phoebe Bridgers, Marcus Mumford, e até mesmo Ice Spice.

Leia Também: Pronto para o Dia T(aylor Swift)? O que se sabe sobre a venda de bilhetes

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