A 115.ª produção da companhia covilhanense, no distrito de Castelo Branco, fica em cena, no auditório do Teatro das Beiras, entre 18 e 22 de outubro.
Escrito por Luísa Pinto e por Joaquim Gama, a partir de Eurípedes, a coautora explicou hoje, após o ensaio de apresentação, que a intenção foi o texto poder ter uma perspetiva masculina e uma feminina sobre o tema.
Segundo Luísa Pinto, "o teatro não deve ser inócuo" e a peça deve provocar uma "reflexão sobre a violência de género a partir do mito de Medeia", mas convocando para o texto o clássico de Eurípedes e referências contemporâneas, do teatro, cinema, da música ou das notícias.
A encenadora sublinhou a quantidade de notícias que vão surgindo sobre filicídios, e outros crimes de violência doméstica, e considera importante "transformar mentalidades".
"É muito inquietante. Pessoas que vivem em relações abusivas e que não conseguem sair delas, as relações de poder estão cá, a discriminação, a marginalização, mas, acima de tudo, a luta e o poder das mulheres e a conquista por esses direitos iguais que se desejam e que, apesar de estar melhor, ainda precisamos percorrer um longo caminho", frisou Luísa Pinto.
Para a autora é importante "que o público presente no espetáculo possa ir para casa refletir um pouco sobre estas questões" e não se olhe apenas para "a consequência", o crime consumado, mas para o que o antecede a para a forma como a sociedade e os tribunais lidam com estes casos.
'Maria de Medeia' fala sobre um casal de atores que decide revisitar o mito da tragédia clássica de Eurípides e, durante o processo criativo, veem as suas vidas pessoais espelharem os conflitos da peça que estavam a ensaiar.
A produção do Teatro das Beiras é interpretada por Sílvia Morais e por Bernardo Sarmento e conta com música original de Cristina Bacelar.
O espetáculo, para maiores de 16 anos, tem sessões agendadas para as 21:30, com exceção de dia 22, em que se realiza às 16h00.
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