Senado confirma biógrafo de Berlusconi como presidente da Bienal de Veneza

A comissão de cultura do Senado italiano aprovou a nomeação do jornalista e escritor Pietrangelo Buttafuoco como próximo presidente da Fundação Bienal de Veneza, para suceder a Roberto Cicutto, quando o mandato deste terminar, no próximo mês de março.

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Lusa
15/11/2023 14:03 ‧ 15/11/2023 por Lusa

Cultura

Bienal de Veneza

O Governo italiano, liderado por Giorgia Meloni, tinha designado Pietrangelo Buttafuoco, autor de uma "biografia-homenagem" a Silvio Berlusconi conhecido pelas posições de defesa dos movimentos de ultra-direita, para presidir a Bienal de Veneza, no passado mês de outubro.

"Buttafuoco é um profissional com enorme talento multifacetado, atento às inovações no setor cultural a nível internacional e às novas e futuras gerações", disse o senador de direita da Liga do Norte e presidente da comissão de cultura, Roberto Marti, citado pela agência Ansa.

A nomeação foi confirmada pelo Senado na terça-feira, 14 de novembro, depois de ter sido aprovada na Câmara de Deputados pela coligação governamental, que vê em Pietrangelo Buttafuoco a forma de "pôr fim ao domínio da esquerda sobre a Bienal de Veneza".

Para a oposição, que votou contra, a escolha enquadra-se no ataque do governo italiano às instituições culturais do país.

A deputada de esquerda Rachele Scarpa, eleita por Veneza, disse que Buttafuoco oferece "uma visão arrepiante de como a direita pensa sobre as instituições culturais". Irene Manzi, do centro-esquerda, que faz parte da comissão de cultura da Câmara dos Deputados, disse, quando da nomeação, que "a direita deu mais um passo na sua conceção do Estado como algo que é da sua posse", acrescentando que o ataque às instituições culturais é "extremamente preocupante".

A Bienal de Veneza, com 128 anos de atividade, organiza os festivais de arte, arquitetura, cinema, dança e teatro, que se encontram entre os mais antigos a nível mundial, e que constituem uma referência nas diferentes áreas.

Buttafuoco, autor de "Beato lui" ("Bendito seja ele"), a 'biografia-homenagem' a Berlusconi, provém da Frente da Juventude do Movimento Social Italiano -- partido de inspiração neofascista antecessor dos Irmãos de Itália, de Georgia Meloni -, e começou a carreira de jornalista em publicações de extrema-direita, como indicam agências internacionais de notícias.

A agência italiana Ansa recorda que "o eclético Buttafuoco, de 60 anos, um dos principais intelectuais públicos de Itália e muçulmano praticante", "ativista de extrema-direita na sua juventude", tem vindo a defender "posições mais tradicionalmente conservadoras ou de direita", surgindo como colunista do diário de esquerda Il Fatto Quotidiano, do liberal La Repubblica, do centrista Il Foglio e do diário empresarial Il Sole 24 Ore.

Nascido na Catania, Sicilia, em 1963, Pietrangelo Buttafuoco foi presidente do Teatro Stabile da sua cidade natal, de 2007 a 2012, e atualmente preside o Teatro Stabile d'Abruzzo de Aquila.

Buttafuoco foi também um dos nomes propostos para presidente da região da Sicília pela Liga do Norte de Matteo Salvini, atual vice-presidente do Governo e ministro das Infraestruturas e Transportes.

Roberto Cicutto, produtor de cinema e antigo presidente da Cinecittá, foi nomeado presidente da Bienal de Veneza em 2020, para um mandato de quatro anos, com possibilidade de renovação. Como produtor, trabalhou com cineastas como Ermanno Olmi, Zhang Yimou, Abbas Kiarostami, Wim Wenders e Jane Campion.

Leia Também: Revelado novo testamento de Berlusconi alegadamente assinado na Colômbia

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