"É uma fusão incrível a mistura do crioulo com português"
Após um início de carreira em grande, Soraia Ramos lançou 'Cocktail', o seu primeiro álbum de estúdio. A artista, que mistura em si Cabo Verde, Portugal, França e Suíça, mostra ao mundo de que é feita, expressando na música o cruzamento de culturas que está inscrito no seu ADN.
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Cultura Soraia Ramos
Soraia Ramos, que nasceu em Portugal, mas é também cabo-verdiana e viveu uma boa parte da sua vida em França e na Suíça, é fruto de todas estas influências. Lançou, recentemente, o álbum 'Cocktail', que mostra exatamente o que lhe corre no sangue: uma mistura de culturas, línguas e 'linguajares'.
Ao Notícias ao Minuto, fala um pouco sobre este novo trabalho, sobre as influências de onde bebeu ao longo dos anos e sobre as suas expectativas para o futuro.
Já lá vai um mês de ‘Cocktail’. Como tem sido a receção deste trabalho?
Já faz um mês que 'Cocktail' está disponível! Não estava à espera de um feedback tão bom, os meus fãs estão super contentes, o disco tem músicas de vários estilos e acredito que cada fã conseguiu viajar na sua vibe favorita, por isso estou muito feliz.
Tem concerto marcado para 30 de março, no Coliseu de Lisboa. Que expectativas tem para essa subida a palco? Emocionada?
Estou em pulgas e, ao mesmo tempo, com uma ansiedade a mil. O Coliseu vai ser um espetáculo diferente de todos os outros e sem dúvida o mais importante da minha carreira até agora, estou muito entusiasmada e muito feliz por finalmente poder estar neste grande palco e ter todos aqueles que me apoiam presentes.
Na música ‘Me Deixou’, adota ali um tom mais brasileiro. É uma prova de que a língua portuguesa é transversal aos países onde é falada? Ou seja, concorda que é flexível e maleável? Um ‘Cocktail’?
A música 'Me Deixou' foi uma aventura completamente diferente. Saí da minha zona de conforto. Senti-me de alguma forma obrigada a fazer uma música para os meus fãs do Brasil, porque desde que subi ao palco com a Ludmila tenho ganhado bastantes seguidores do Brasil. Gosto muito da cultura e aventurei-me no sertanejo, que está a correr super bem e acho que faz todo o sentido esta música existir no 'Cocktail'.
É uma fusão incrível a mistura do crioulo com português e acho que o público acaba por gostar dessas novidades
Como vê o futuro da música africana lusófona, não só em Portugal, mas no mundo inteiro? Que leitura tem da popularidade desta música em português, por vezes num estilo de fusão com crioulo, em palcos internacionais?
Sem dúvida. Eu vejo a nossa música lusófona a chegar cada vez mais longe, estamos a quebrar barreiras, a chegar a países que nunca pensávamos chegar e a música é uma linguagem que não é preciso perceber, mas sim sentir. Temos imensos talentos aqui em Portugal, o que mostra que a nossa lusofonia está a crescer cada vez mais.
É uma fusão incrível a mistura do crioulo com português e acho que o público acaba por gostar dessas novidades. É importante misturar as nossas culturas e fazer crescer a música.
Isso também é visível nas diferentes colaborações que fez… desde Apollo G a Carolina Deslandes. O que é que a levou a incluir tanta gente e tantos estilos diferentes neste álbum de estreia? É porque se identifica com todos esses géneros diferentes?
Identifiquei-me bastante com a musicalidade destes artistas. A Carolina é o oposto daquilo que eu faço e sempre gostei da vibe e do estilo musical dela, achava que os meus fãs não estavam à espera dessa colaboração e deu certo.
O Apollo G é um rapper que ouço imenso, gosto da energia que ele mete nas músicas e como artista rapper afro, acho que não podia ter encaixado melhor naquilo que eu queria para esta música drill.
E a Nenny é uma artista incrível que eu admiro muito, sempre nos apoiámos, desde o início e quis tê-la na faixa 'Trompete'; era a pessoa certa para falar de empoderamento, com todo aquele power. Estou muito contente com essas três colaborações.
A música está de luto, porque a Sara [Tavares] era inspiração, era luz, alegria, paz
A morte de Sara Tavares tem afetado o mundo da música, mas em especial os artistas africanos. Era uma das suas inspirações? Costumava ouvi-la?
A morte da Sara foi uma grande perda, não estava à espera. A música está de luto, porque a Sara era inspiração, era luz, alegria, paz e infelizmente não a pude conhecer pessoalmente, mas sempre ouvi as músicas dela, desde o Festival da Canção. Fiquei muito triste por não a poder ter conhecido pessoalmente. Sem dúvida, para todos nós que fazemos parte da música, é uma grande perda. Estamos muito tristes e espero que lá em cima, onde ela descansa, continue a brilhar e a ser luz para todos nós.
Ouço muito cantores franceses, que também me inspiram imenso, mas nunca deixei de ouvir cantores lusófonos e cantores americanos
Viveu parte da sua vida em Portugal e outra parte na França e na Suíça. Como é que sente que essas diferentes vivências influenciam atualmente a sua música?
O facto de ter vivido 3 anos em Paris e 17 anos na Suíça mudou completamente a minha musicalidade de alguma forma, porque ouço muitos cantores franceses, que também me inspiram imenso, mas nunca deixei de ouvir cantores lusófonos e cantores americanos. Gosto muito de viajar em estilos diferentes e culturas diferentes e com certeza que o facto de ter vivido noutros países acabou por fazer crescer o meu conhecimento musical.
Os seus trabalhos ganharam rapidamente milhões de visualizações, nomeadamente desde o lançamento de ‘Bai’, em 2020. Passava-lhe pela cabeça que o sucesso chegasse a estes níveis?
É uma pergunta que me fazem muitas vezes e, como eu digo sempre, não estava a espera do crescimento da minha carreira desta forma. O 'Bai' foi o meu primeiro 'boom' na lusofonia e desde então tem corrido super bem, graças a Deus! Os meus fãs têm abraçado todos os meus projetos com muito carinho e nunca pensei que ia estar onde estou hoje; é graças aos meus fãs que meu o trabalho continua, não estou longe de chegar ao meu objetivo.
Nesse mesmo ano, aliás, foi nomeada em quatro categorias do MTV Awards e dois anos depois ganhou o prémio de Melhor Artista Feminina da África Central. Prémios, homenagens… o que é que significam para si estes momentos em que há uma distinção específica do seu trabalho?
Todos estes prémios significam muito para mim, quer dizer que o meu trabalho está a chegar ao mundo e as pessoas estão a gostar daquilo que estou a fazer. E sem dúvida que ter representado a lusofonia em todos estes prémios foi uma honra, uma grande responsabilidade e fico muito feliz por ter o meu público e a lusofonia comigo! Irei sempre representar Portugal, Cabo Verde e a lusofonia da melhor forma, onde quer que eu esteja.
Missão Pijama? Ver a felicidade das crianças ao cantar esta música, receber vídeos das mães com os filhos, ver a felicidade deles… isso não tem preço
É a primeira voz feminina a interpretar o tema da Missão Pijama e a participar no seu vídeo. Por que razão que decidiu apoiar este projeto?
Fiquei muito feliz e é uma honra ter sido a primeira mulher a interpretar o tema da Missão Pijama. Ver a felicidade das crianças ao cantar esta música, receber vídeos das mães com os filhos, ver a felicidade deles… isso não tem preço! É importante abraçarmos estes projetos, porque são importantes e as crianças são o futuro.
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