Vencedores destacam direitos LGBTQ e desigualdade racial nos Emmys
Os direitos da comunidade LGBTQ, a importância da representação e a igualdade racial foram algumas das mensagens levadas ao palco dos Emmys por vários dos vencedores, durante a cerimónia que decorreu esta madrugada em Los Angeles.
© Kevin Winter/Getty Image
Cultura Emmys
"Se uma 'drag queen' quiser ler-vos uma história numa biblioteca ouçam-na, porque o conhecimento é poder", disse o cantor e apresentador RuPaul, que venceu dois prémios pelo programa de competição 'RuPaul's Drag Race'.
"Se alguém tenta restringir o vosso acesso ao poder, estão a tentar assustar-vos. Por isso, ouçam a 'drag queen'", acrescentou.
O discurso de RuPaul foi uma alusão à legislação que tem sido passada em vários estados norte-americanos, incluindo na Florida, que proíbe ou restringe o acesso a espetáculos envolvendo 'drag queens'.
Outro momento relevante no palco da 75.ª edição dos prémios Emmys foi o discurso de Niecy Nash-Betts, que venceu a estatueta de Melhor Atriz Secundária pelo papel na série "Monstro: A história de Jeffrey Dahmer", da Netflix.
Depois de um discurso inicial entusiasmado, em que agradeceu a si própria, a atriz assumiu uma postura mais sóbria.
"Aceito este prémio em nome de todas as mulheres negras e morenas que não foram ouvidas mas sofreram excesso de policiamento, como a Glenda Cleveland, como a Sandra Bland, como a Breonna Taylor", disse a atriz. "Como artista, o meu trabalho é dizer a verdade a quem tem poder, e vou fazê-lo até morrer".
Glenda Cleveland foi a mulher que a atriz interpretou na série sobre a história verdadeira de Dahmer, uma afro-americana que fez queixas repetidas sobre o assassino em série Jeffrey Dahmer e foi ignorada pelas autoridades. Sandra Bland morreu sob custódia policial no Texas, em 2015, e Breonna Taylor foi morta por polícias à paisana que forçaram a entrada no apartamento onde vivia, em 2020.
A cerimónia ficou ainda marcada pela entrega do Prémio dos Governadores à GLAAD (Gay and Lesbian Alliance Against Defamation), pelo trabalho que a organização sem fins lucrativos tem feito em prol da comunidade LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Queer).
A presidente Sarah Kate Ellis aceitou o galardão frisando a importância da representação de histórias sobre a comunidade na televisão e no caminho que há a percorrer.
"Aquilo que o mundo vê na televisão influencia a forma como nos tratamos uns aos outros", afirmou Ellis, referindo que isso tem impacto nos locais de trabalho, nas escolas e nas urnas de voto.
"O mundo precisa urgentemente de histórias sobre pessoas transgénero que mudem a cultura", considerou Ellis. "Há mais pessoas a dizerem que viram um fantasma do que as que conhecem uma pessoa transgénero", continuou. "E quando não conhecemos, é mais fácil demonizar".
A responsável disse que, apesar do progresso, a comunidade continua a ser caracterizada de forma negativa e "vilanizada com mentiras cruéis e prejudiciais", sendo a partilha de histórias uma espécie de antídoto.
"Podemos todos ser os heróis", considerou Sarah Kate Ellis.
A 75.ª cerimónia de entrega dos prémios Emmy pela Academia de Televisão decorreu no Peacock Theater, em Los Angeles, esta madrugada. Tinha sido adiada em setembro passado por causa das greves dos argumentistas e dos atores.
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