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Obras com "espírito singular" da Coleção Treger Saint Silvestre em Paris

A galeria parisiense Halle Saint Pierre terá patente de 12 de março a 14 de agosto a mostra "L'Esprit Singulier", com 150 obras de Arte Bruta da Coleção Treger Saint Silvestre, em depósito no Centro de Arte Oliva.

Obras com "espírito singular" da Coleção Treger Saint Silvestre em Paris
Notícias ao Minuto

08:35 - 04/03/24 por Lusa

Cultura Exposição

O espaço cultural de São João da Madeira empresta assim à galeria francesa especializada em Arte Bruta, Arte Singular e Cultura Pop um conjunto de peças selecionadas entre as mais de 1.500 obras dos colecionadores privados Richard Treger e António Saint Silvestre -- cujo espólio a instituição de Paris classifica como "uma das mais importantes coleções europeias de Arte Bruta e Arte Singular".

A exposição é comissariada por Martine Lusardy, que, dirigindo a Halle Saint Pierre desde 1994, reconhece à nova mostra -- cujo título significa "O Espírito Singular" -- "a magia de um intermúndio ao mesmo tempo familiar e desconhecido".

"Esta seleção de 86 artistas coloca no centro da exposição criadores que, sendo na maioria autodidatas, impuseram as suas próprias normas à arte, tanto na escolha dos materiais e das técnicas utilizadas quanto nos temas representados", declarou a curadora, realçando que, "possuídos pelo demónio da criação, os percursos de vida desses autores os mantiveram afastados do jogo mediático e comercial da arte".

António Saint Silvestre partilha da mesma perspetiva e diz que é precisamente por se viver hoje "a era da mundialização, da estandardização, dos comportamentos de rebanho e da repetição sem fim" que a Arte Bruta se destaca como manifestação de "uma inspiração fresca e mais humana".

"Durante mais de 20 anos, o Richard e eu procurámos divertir-nos com a Arte Bruta, a Arte Singular e a Arte Mecânica. Livres das limitações de pertença a uma escola identificável, esses artistas 'brutos' criam obras surpreendentes, originais, impudicas, inspiradas tanto pela fantasia quanto pela necessidade", afirma o colecionador.

Agnès Baillon, Henry Darger, Jacques Deal, Jaime Fernandes, Martha Gru¨nenwaldt, David Houis, Foma Jaremtschuk, Alexander Lobanov, Marilena Pelosi e Adolph Wölfli são apenas alguns dos autores cujo trabalho se dará a conhecer na Halle Saint Pierre -- que, a preços entre os seis e os 10 euros, está aberta ao público sete dias por semana.

António Saint Silvestre defende que os 86 criadores selecionados para a galeria francesa "oferecem um refúgio contra os assaltos incessantes e mercantis dos especuladores, dos comerciantes, da arte industrial, dos artistas corporativos e de todos aqueles que estão sob a sua influência".

Para o colecionador, "a arte é uma grande porta aberta, na encruzilhada de mil caminhos", mas, no universo específico da Arte Bruta é mais provável descobrir-se que "nem todos esses percursos levam ao paraíso".

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