Exposição assinala 60 anos da comunidade portuguesa na Alemanha

Uma exposição itinerante, que arranca este domingo em Heinsberg, pretende assinalar os 60 anos da comunidade portuguesa na Alemanha através de quase duas dezenas de cartazes com temáticas como o associativismo, religião ou a gastronomia.

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Lusa
07/04/2024 13:16 ‧ 07/04/2024 por Lusa

Cultura

Exposição

Esta mostra cronológica, com um trabalho de pesquisa que começou em outubro, marca a assinatura do acordo bilateral entre Portugal e a Alemanha em 1964, e poderá ser vista durante todo o ano em vários pontos do país.

"Queremos abordar temas diferentes", apontou o historiador Nélson Pereira Pinto, membro do Gri-Dpa, o Grupo de Reflexão e Intervenção da Diáspora Portuguesa na Alemanha e responsável da exposição.

"Começámos com a emigração portuguesa em geral, e depois abordamos o caso alemão, as razões que levaram os portugueses a emigrar para a Alemanha, as condições de vida em Portugal, e a necessidade de a República Federal da Alemanha contratar trabalhadores de outros países", destacou o autor desta investigação feita em conjunto com Anna-Katharina Glettenberg.

Alfredo Stoffel, presidente do Gri-Dpa, lembra que muitos dos portugueses que chegaram à Alemanha nos anos 1960 e 1970 vinham com uma "mala de cartão".

"Muitos eram pobres e não tinham conhecimentos da língua, mas geraram filhos e netos que se integraram na sociedade e que são hoje quadros muito válidos", sublinhou, em declarações à Lusa.

Devido à escassez de mão-de-obra, nos anos 1950, o Governo da República Federal da Alemanha recrutou trabalhadores temporários no estrangeiro através do programa "Gastarbeiterprogramm" para a reconstrução do país.

Este programa foi iniciado através de acordos de recrutamento bilaterais com a Itália, em 1955, Grécia e Espanha, em 1960, Turquia, em 1961, Marrocos, em 1963, Portugal, em 1964, Tunísia, em 1965, e com a antiga Jugoslávia, em 1968.

"A qualidade de vida não era muito boa. Os primeiros emigrantes, nos anos 1960 e 1970, trabalhavam e viviam em más condições, poucos portugueses falavam alemão, não havia internet, havia uma grande dificuldade de integração social, o que também explica o aparecimento de associações portuguesas na Alemanha", recordou Nélson Pereira Pinto à Lusa.

O historiador destacou a importância das associações que representavam um ponto de encontro "onde as pessoas falavam sobre os seus problemas, e se entreajudavam, mantendo a ligação viva com Portugal".

A exposição explora também temas como a religião e as missões católicas, os sindicatos, a gastronomia e a restauração, entre outros.

Armando Rodrigues de Sá foi o imigrante "um milhão" na Alemanha. O português, nascido em Nelas, no distrito de Viseu, chegou à estação de Köln-Deutz em 10 de setembro de 1964, juntamente com um grupo de 1.106 trabalhadores estrangeiros, dos quais 933 eram espanhóis. Foi recebido em festa, na presença das autoridades alemãs, e foi-lhe oferecida uma motorizada Zundapp.

"A Alemanha deu-nos uma oportunidade e nós, com o nosso esforço e trabalho, tornámo-la um bocadinho mais rica", realçou Alfredo Stoffel.

Para o presidente do Gri-Dpa, a comunidade portuguesa na Alemanha "está integrada", soube "aproveitar os desafios que lhe lançaram" e tem "o seu lugar na história" daquele país.

Leia Também: As palavras de ordem que "forraram" as ruas pela lente de Alfredo Cunha

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