Beto Coville, daquela companhia teatral, decidiu pôr naquele palco com mais de 2.000 anos uma peça que questiona o papel da humanidade, refere uma nota da produtora do espetáculo.
"Estamos vivendo uma fase triste da Humanidade, com guerras um pouco por todo o lado. Todos os dias ouvimos notícias dando conta que morreram dezenas de pessoas na Palestina e já nem ligamos. As pessoas já não têm empatia, o ser humano está perdendo a sua humanidade", acrescentou Beto Coville.
'Prometeu agrilhoado' pretende levantar ainda questões como a liberdade de escolha da mulher, assim como a soberba pelo poder e autoritarismo.
"Numa altura em que ressurgem e conquistam espaço movimentos de pensamento totalitário que ameaçam a democracia e a liberdade, este texto reveste-se de toda a atualidade", sublinhou Beto Coville, para quem é "fundamental mostrar a importância da crença no ser humano livre e é primordial defender o direito de igualdade e justiça, e principalmente, a liberdade de expressão".
Nesta versão, encenada por Beto Coville e com interpretações de António Camelier, Beto Coville, Eurico Lopes, Luísa Ortigoso e Sara Barradas, a "falta de misericórdia nas ações de Zeus e também nas promessas de vingança de Prometeu, não vendo meios para atingir seus propósitos, fazem uma clara ligação aos acontecimentos atuais".
Atribuída ao dramaturgo grego Ésquilo, 'Prometeu agrilhoado' baseia-se no mito de Prometeu de Hesíodo, e foi escrito numa época de transição do poder tirânico para o poder democrático na Grécia.
Dando seguimento a uma iniciativa lançada em 2016, o Teatro Romano de Lisboa promove a apresentação de peças de teatro de autores clássicos no interior do antigo monumento, fazendo-o "reviver a função para que foi edificado, no século I da nossa era", acrescentou a coordenadora daquele espaço, Lídia Fernandes.
Com música de João Balão, desenho de luz de Pedro Santos, figurinos e adereços de Valentim Quaresma e produção conjunta do Museu de Lisboa - Teatro Romano e da Companhia de Teatro Livre, 'Prometeu agrilhoado' vai estar em cena até 27 de julho, com récitas de quarta-feira a sábado, às 21:00.
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