O segundo dia do NOS Alive, que trouxe de volta a música ao seu pouso do costume - o Passeio Marítimo de Algés - viu Dua Lipa regressar aos palcos portugueses, trazendo consigo (mais) um concerto inesquecível. Afinal, a estrela anglo-albanesa veio para pôr tudo em pratos limpos - está aqui para dar... tudo.
A incerteza instalou-se no ar quando se soube que Tyla, que tocaria logo antes de Dua Lipa, cancelou a sua atuação "por motivos de força maior". Contudo, os ânimos acalmaram-se quando Arlo Parks, que veio ocupar o espaço vago, mostrou que, pasme-se, há males que vêm por bem.
No palco secundário, a 'fofinha' Aurora, da Noruega, fez as delícias dos festivaleiros, sem deixar de lado as causas sociais.
Os tempos de "Go girl, give us nothing" já lá vão. Dua Lipa deixou o NOS Alive de joelhos
Quem acompanha Dua Lipa está certamente a par do 'meme' "Go girl, give us nothing" ["Vai miúda, dá-nos nada", em português], que se propagou em meados de 2018, após uma atuação em que o jogo de cintura da anglo-albanesa não convenceu. Numa entrevista à Rolling Stone, a artista confessou que a brincadeira deixou marcas e fê-la sentir-se "rejeitada", quando "estava a ser atirada pelo mundo e não tinha tempo para aperfeiçoar nada". Volvidos seis anos, Dua faz questão de, agora, não dar menos do que tudo - e assim o fez no Passeio Marítimo de Algés.
Diante de uma multidão a rebentar pelas costuras, ela cantou, ela dançou, ela vibrou, ela fez língua gestual, ela foi ao chão e ela levou-nos "à lua". Se houve alguém que conseguiu ficar indiferente, gostaríamos de saber quem é que lhe fez mal, por favor.
© Daniela Filipe/Notícias ao Minuto
"Foi um dia de loucos e isto foi a cereja no topo do bolo", admitiu, depois de ter pedido para acenderem as luzes, para que pudesse olhar o mar de gente nos olhos.
Durante cerca de uma hora e meia, Dua Lipa - que arranhou o português ao mandar "um grande beijo" para quem teve a sorte de a ver em carne e osso - brindou os festivaleiros com (as novas e) as antigas 'One Kiss', 'Be The One' e 'New Rules', num espetáculo que teve confetti em dose tripla e chegou ao clímax com fogo de artifício na despedida. E, permitam-nos o atrevimento, quem disser que não saiu de barriga cheia está a mentir.
A substituta Arlo Parks deu que falar no palco principal (e a "tímida" Ashnikko não se ficou atrás)
O penúltimo concerto da noite estava destinado à artista sul-africana Tyla que, "por motivos de força maior", não pôde, afinal, subir ao palco NOS. Para ocupar o espaço vago chegou-se à frente Arlo Parks - e ainda bem.
Nesta terceira vez em terras lusas, a britânica presenteou os festivaleiros com o melhor do seu Indie Pop a puxar ao sentimento, dançando entre as canções mais lentas, para curar as 'crushes' mal resolvidas - como a própria definiu -, com temas mais mexidos, que tiveram direito a pequenos, mas interessantes, solos de guitarra da sua talentosa banda.
A própria admitiu: "Esta é provavelmente a maior multidão perante a qual vamos tocar no verão inteiro."
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Antes, foi a vez de a "tímida" mas, por vezes, atrevida Ashnikko dar conta do palco principal, para onde foi catapultada diretamente da rede social TikTok, 'à boleia' do tema 'Stupid'. Na estreia em solo português, a norte-americana levou os festivaleiros numa viagem por entre contos de fadas com cenários apocalíticos que incluiu, até, um banquete transformado num "monte de terra e larvas".
A 'fada demoníaca', que se apresentou com duas bailarinas e "costelas que se transformaram em facas", abriu as portas à sua 'Slumber Party' [festa do pijama, em português], festa essa marcada pela emancipação das formas femininas em todos os seus contornos, na saúde e na doença. De facto, não fosse a artista ter confessado estar constipada (tendo, até, tomado 'shots' de gengibre entre temas) e ninguém o adivinharia, tal foi a energia que trouxe, do princípio ao fim.
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Aurora, os sonhos e as reivindicações sociais
O segundo dia do NOS Alive também foi de Aurora, a artista norueguesa que mais faz lembrar uma personagem da Disney. Não é por acaso que é da sua autoria o tema 'Into the Unknown', do filme 'Frozen'.
O público rebentava pelas costuras no palco Heineken, que se tornou pequeno para receber os fervorosos fãs da 'fofinha' Aurora. A artista, por sua vez, aproveitou o espaço para sensibilizar - como de costume - o público para temas sociais, entre eles a guerra no Médio Oriente e os direitos da comunidade LGBTQIA+.
"A minha mulher está a subir ao palco" e "ela é tudo para mim" são apenas dois exemplos do tipo de exclamações que se ouviram quando a norueguesa de 28 anos se apresentou perante a multidão, para tocar temas como 'Some Type of Skin' e 'The Dark Dresses Lightly'.
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Mal tinha começado a cantar e já Aurora exclamava: "Este é um dos melhores públicos deste ano", para fascínio dos fãs.
Apesar da proximidade de horário com o concerto de Arlo Parks no palco principal, a tenda do palco Heineken ficou praticamente cheia para ouvir Aurora, que cantou e encantou com o seu estilo onírico, balançando entre os vocais fascinantes e as batidas energizantes.
Um concerto de Aurora - que prometeu voltar a Portugal em maio do próximo ano - é uma viagem cósmica, retocada com contornos nórdicos que fazem com que, se fecharmos os olhos, nos transportemos para os fiordes da Noruega, apaixonados e sonhadores.
Sábado é o terceiro e último dia do festival no Passeio Marítimo de Algés, quando Pearl Jam e SUM 41 subirão ao palco principal para dar por encerradas as festividades - pelo menos até 2025.
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