"A Matéria das Estrelas" foi distinguido na 36.ª edição do Prémio Literário Cidade de Almada, na modalidade romance, por ser uma "obra de um notável fôlego narrativo [...] servido por uma linguagem apuradíssima", segundo o júri, citado pelo comunicado da câmara de Almada
Em "A Colina", Prémio Literário Maria Rosa Colaço de Literatura Juvenil, em 19.ª edição, o júri destacou as "diferentes camadas de entendimento" que permite, numa "reflexão sobre a infância e o tempo enquanto garantes de uma eternidade", e pela "forma como gere temas complexos" para o universo dos seus leitores.
O romance inédito de Isabel Rio Novo "A Matéria das Estrelas", narrado por "um médico que tenta decifrar o mistério da doença" de que padece um jovem cadete da Marinha, "condenado a uma não-vida" durante décadas, traduz-se numa "investigação existencial, feita a partir dos rastos e indícios deixados" pelo paciente, "naquilo a que se poderia chamar a meticulosa anatomia de uma ausência, ou a melancólica contemplação de uma cratera".
Na descrição do romance, que acompanha a apreciação do júri, esta obra permite "ainda um retrato vívido de Portugal nas décadas de 60 e 70, com segredos abafados, reflexões sobre o poder da ficção, e um diálogo feliz com a História da expansão marítima portuguesa, em particular com a figura de Bartolomeu Dias, na sua demanda de um dia chegar finalmente à Índia".
Isabel Rio Novo nasceu no Porto, onde se doutorou em Literatura Comparada, leciona Escrita Criativa e é autora de obras como "O Diabo Tranquilo" (2004), "A Caridade" (2005, Prémio Manuel Teixeira-Gomes), dos finalistas do Prémio Leya "Rio do Esquecimento" (2016) e "A Febre das Almas Sensíveis" (2018), e de "Rua de Paris em Dia de Chuva" (2020), finalista do Prémio Europeu de Literatura e do Prémio de Narrativa do PEN Clube.
Este ano publicou "Fortuna, Caso, Tempo e Sorte - Biografia de Luís Vaz de Camões", que sucedeu à biografia que dedicou a Agustina Bessa-Luís, "O Poço e a Estrada", em 2019.
"A Colina", por seu lado, "é a história de uma criança que adoece", depois há outra criança, "depois uma colina e, por fim, uma avó". "As ideias precisam de tempo para crescer, sobretudo as mais disparatadas", argumenta a apresentação da obra. "Cada coisa tem o seu tempo e não se apressa nada a fazê-lo, nem sequer bolos, muito menos ideias".
Rui Cerqueira Coelho nasceu em Viana do Castelo, estudou Biologia e trabalhou como guia de natureza no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Venceu o Prémio Literário Nortear com a obra "Nós, arquipélago", em 2016. Três anos depois foi o vencedor do Prémio Literário Branquinho da Fonseca, atribuído pelo semanário Expresso e pela Fundação Calouste Gulbenkian, na categoria de literatura infantil, com "A Migração das Alforrecas".
"Ao todo", neste concurso, "foram apresentadas 65 obras originais, de autores de vários pontos do país", indica a autarquia.
Os júris dos prémios foram constituídos por representantes da Associação Portuguesa de Escritores, da Associação Portuguesa de Críticos Literários e do município. Cada um dos vencedores recebeu um prémio no valor de cinco mil euros.
Leia Também: Uma centena de atividades em festival de literatura em Coimbra