"Aos jovens -- falo com vocês todos -- compete a obrigatoriedade ética, de comportamento, moral, de pensamento e de ambição de manterem sempre viva a vontade de transformar. Se não, para que é que vocês são jovens? Para que é que o mundo está à vossa espera? Por que é que a história precisa de vocês? Por que é que Portugal precisa de vocês? Porque vocês trazem convosco essa força e essa vontade de transformar, e nunca se devem inibir por quaisquer condicionamentos", declarou Pedro Cabrita Reis.
No início da sessão, o Presidente da República apresentou-o como "um génio heterodoxo" com "um talento polivalente", que "gosta de se reinventar permanentemente", que "desenha muito bem, pinta muito bem, constrói muito bem, faz instalações muito bem" e também "fala muito, e muito bem".
"Quando o esperam reformado, ele está recriado", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, que aconselhou os alunos da Escola Artística António Arroio, em Lisboa, a aproveitarem esta "oportunidade única".
A seguir, Pedro Cabrita Reis considerou "generosíssima, divertida e não menos certeira" a introdução do chefe de Estado e pediu aos jovens que o interrompessem sempre que quisessem, para que o diálogo não ficasse submetido "a um protocolo de espera do momento certo".
"O momento certo para criar, reforçar, dinamizar, vitalizar a construção das relações entre as pessoas, que se faz muito pela palavra, deve ser quando vos apetecer", defendeu.
Recordando o seu trajeto, o artista referiu que foi jardineiro em meados da década de 1970 no Jardim Botânico da Faculdade de Ciências de Lisboa, e depois professor e que a sua vida mudou quando foi convidado em 1985 a fazer "uma intervenção num bar que, na altura, era uma espécie de centro da vida de Lisboa, onde os intelectuais se encontravam com as pessoas da moda, as pessoas do cinema se encontravam com as pessoas da música, os artistas com os poetas e por fora", o Frágil, no Bairro Alto.
"Transformei por completo o espaço do bar, que não era assim tão grande como isso, e na sequência, digamos, do impacto que essa minha intervenção criou, digamos, na sociedade de Lisboa, pelo menos, comecei a receber umas sugestões, uns convites de pessoas que queriam que eu interferisse nas suas casas, fizesse pinturas ou fizesse esculturas, que reorganizasse o espaço de vivência das casas das pessoas. Nessa sequência, virei uma página da minha vida", contou.
Ao longo de cerca de uma hora, Pedro Cabrita Reis mostrou fotografias e falou de várias das suas obras. O Presidente da República assistiu a essa parte da sessão, e saiu antes de se iniciar a fase de perguntas e respostas, agradecendo-lhe pela "partilha de uma obra e de uma vida".
"Contou-nos tudo o que havia a contar sobre cada uma daquelas peças, cada uma daquelas construções. Isto é excecional. Também é verdade que tem o dom pedagógico, vê-se que foi professor", elogiou Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando, para os alunos: "E agora façam perguntas inteligentes".
O chefe de Estado comentou que iria ter de sair "do paraíso" desta sessão para "uma realidade que é outro tipo de paraíso, que é ouvir sete partidos madeirenses falarem da crise na Madeira", para formar a sua "opinião sobre o que se deve fazer" nessa região autónoma onde o Governo Regional caiu pela aprovação de uma moção de censura.
Pedro Cabrita Reis já tinha participado, em 2022, numa sessão do programa "Artistas no Palácio de Belém".
Hoje, protagonizou a primeira sessão de um nova iniciativa de Marcelo Rebelo de Sousa de "Encontros no Palácio de Belém", que irá decorrer entre janeiro e junho, juntando turmas de alunos com artistas plásticos, atores, escritores e músicos.
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